Greve na CP suprime 22% dos comboios previstos até às 8h
Sindicatos reivindicam aumentos salariais efectivos, pedido que, dizem, ganha força com os primeiros lucros da CP.
A CP suprimiu 57 comboios dos 254 programados para entre as 0h e as 8h desta quinta-feira devido à greve dos trabalhadores, segundo dados enviados pela empresa à Lusa. Os comboios cancelados representam 22,4% do total previsto nesse período de tempo.
A CP - Comboios de Portugal precisa que dos 66 comboios regionais previstos não se fizeram 20 ligações e nos urbanos de Lisboa estavam programados 115 e foram suprimidos 26.
Nos urbanos do Porto, estavam previstos para aquele período 53, tendo sido suprimidos seis e nos comboios de longo curso, realizaram-se 11 das 12 ligações previstas.
Até final do mês, “na CP, os trabalhadores cujo seu período normal de trabalho abranja mais de três horas durante o período compreendido entre as 0h e as 5h, entrarão em greve a partir da sétima hora de serviço”.
Na IP, igualmente até 30 de Abril, “os trabalhadores cujo seu período normal de trabalho abranja mais de três horas durante o período compreendido entre as 0h e as 5h entrarão em greve a partir da sétima hora de serviço”.
Estas greves foram decretadas por uma plataforma de sindicatos composta pela ASCEF - Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária; o SINFB - Sindicato Nacional dos Ferroviários Braçais e Afins; o SINFA - Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins; o FENTECOP - Sindicato Nacional dos Transportes Comunicações e Obras Publicas; o SIOFA - Sindicato Independente dos Operários Ferroviários e afins; a ASSIFECO - Associação Sindical Independente dos Ferroviários de Carreira Comercial e os STF - Serviços Técnicos Ferroviários.
Também o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) está em greve durante todo o mês de Abril, face à "atitude de desconsideração" de que acusa a empresa.
Entre as reivindicações dos trabalhadores estão “aumentos salariais efectivos”, a “valorização da carreira da tracção” e a melhoria das condições de trabalho nas cabines de condução e instalações sociais e das condições de segurança nas linhas e parques de resguardo do material motor.
Ainda reclamada é uma “humanização das escalas de serviço, horas de refeição enquadradas e redução dos repousos fora da sede”, um “efectivo protocolo de acompanhamento psicológico aos maquinistas em caso de colhida de pessoas na via e acidentes” e o “reconhecimento e valorização das exigências profissionais e de formação dos maquinistas pelo novo quadro legislativo”.
A ajudar às reivindicações dos sindicatos está o facto de, pelo primeira na sua história, a CP ter fechado o seu balanço anual com resultados líquidos positivos, neste caso de oito milhões de euros, em 2022, como noticiou o PÚBLICO esta quarta-feira. Uma consequência directa da aplicação do Contrato de Serviço Público assinado entre a empresa e o Estado que a compensa pelos serviços que dão prejuízo.
Este resultado foi acompanhado de um outro recorde: a CP registou em 2022 o maior número de passageiros transportados nos últimos 20 anos - foram 148 milhões de passageiros.
Depois da notícia dos resultados positivos, vários sindicatos reagiram, defendendo que “a CP deveria ter autonomia para gerir os seus trabalhadores”.