Duas novas greves na Lusa: em Junho e Agosto, durante a Jornada Mundial da Juventude
Contraproposta de aumento salarial apresentada pela administração considerada insuficiente. Greves marcadas para 9 a 12 de Junho e 3 a 6 de Agosto.
Os trabalhadores da Lusa vão avançar para novas greves, depois da interrupção entre 30 de Março e 2 de Abril, sublinhando o pedido de aumento de cem euros ao salário-base.
Os três sindicatos representados na agência — Sindicato dos Jornalistas, dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA) e dos Trabalhadores do Sector de Serviços (SITESE) — reuniram-se nesta segunda-feira em plenário e definiram novas paralisações para Junho, entre 9 e 12, e para Agosto, entre 3 e 6. As datas de Agosto coincidem com a Jornada Mundial da Juventude, que prevê a visita do Papa Francisco a Lisboa.
Em comunicado enviado às redacções, os jornalistas da Lusa explicam que a reivindicação resulta de "12 anos sem aumentos” e reuniões com a administração em Abril, nas quais a tutela manteve a proposta de 74 euros de aumento salarial.
Importa recordar que, no princípio de Março, a administração da agência apresentou uma contraproposta de aumento salarial de 35 euros, em resposta ao pedido de 120 euros feito pelos trabalhadores, situação que levou à greve realizada em Março e Abril.
Ao PÚBLICO, Susana Venceslau, jornalista da Lusa, garante que as duas novas greves agendadas espelham "a frustração e o desrespeito" sentidos pelos trabalhadores, face à posição "irredutível" da administração.
Além disso, Susana Venceslau lamenta as declarações do ministro da Cultura, Pedro Adão Silva, na última quarta-feira, quando no Parlamento referiu que os trabalhadores da Lusa auferem salários "acima da média do sector". "Entendemos que, além de a nossa reivindicação ser justa, a Lusa pode servir para definir um limite e objectivos para aumentos salariais gerais na comunicação social", sugere a jornalista da agência.
Sobre o agendamento de quatro dias de paralisação para Agosto, durante a visita do Papa Francisco a Portugal, Susana Venceslau sublinha a firmeza dos trabalhadores em aprovar as novas datas e "medidas mais gravosas", com um total de oito dias de greve, apesar das consequências inerentes para os vencimentos dos profissionais.
O comunicado enviado nesta segunda-feira explica também que, "além dos 12 anos sem aumentos salariais, a perspectiva é de mais seis anos sem qualquer aumento", uma vez que o "novo contrato-programa não prevê nem contempla qualquer valor para esse efeito".
O Estado detém a maioria do capital social da Lusa. Na última semana, os três sindicatos representativos dos trabalhadores pediram novas reuniões aos ministros da Cultura e das Finanças, mas ainda sem resposta. No princípio de Novembro de 2022, os trabalhadores da Lusa aprovaram um caderno reivindicativo que previa medidas como o aumento salarial, a actualização do subsídio de refeição e a criação de um subsídio parental.