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Português ganha os Sony World Photography Awards ao lado de “histórias de guerra e reconciliação”
Edgar Martins é o Fotógrafo do Ano dos Sony World Photography Awards, mas não está sozinho no pódio.
Em Londres, no palácio Somerset House, onde já se tornou tradição anunciar os vencedores dos Sony World Photography Awards, a noite foi de celebração para o artista português Edgar Martins, que ganhou o título de Fotógrafo do Ano com a série de imagens Our War. O projecto realizado na Líbia homenageia o amigo fotojornalista sul-africano Anton Hammerl, que perdeu a vida enquanto documentava a guerra civil no país, em 2011. A história é intrincada e pode ser conhecida mais a fundo aqui.
Pela mais elevada distinção no concurso, Edgar recebeu um prémio de aproximadamente 22 600 euros e uma gama de equipamentos de imagem da marca que patrocina o concurso. O seu trabalho terá direito também a uma exibição a solo no Somerset House, aquando da apresentação dos vencedores da edição de 2024 do prémio anual.
Para além do anúncio do grande vencedor, foram revelados os melhores trabalhos de cada uma das dez categorias do concurso. O painel de especialistas avaliou milhares de projectos fotográficos compostos por cinco a dez imagens e foi surpreendido, refere a organização do concurso em comunicado, por "histórias de guerra e reconciliação" ou de "empoderamento de mulheres através da educação".
Na categoria de Arquitectura e Design, o fotógrafo chinês Fan Li ganhou o primeiro prémio, com a série de fotografias realizadas numa fábrica de cimento abandonada em Guilin, na região autónoma Guangxi Zhuang, no sul da China. O segundo e terceiro lugar foram atribuídos a fotógrafos de nacionalidade belga, Servaas Van Belle, e espanhola, Andres Gallardo Albajar, respectivamente.
Hugh Kinsella Cunningham destacou-se na categoria de Documentário com um projecto centrado na crescente tensão social na República Democrática do Congo, onde as mulheres "contribuem para a paz de forma invisível". O fotógrafo palestiniano Mohammed Salem ficou em segundo lugar, com um conjunto de imagens realizado na Faixa de Gaza, onde se vive um problema de sobrelotação de uma população em clausura, e o britânico Tariq Zaidi o terceiro prémio, com um projecto que será apresentado brevemente no P3, realizado na Somália.
A dupla de fotógrafos Marisol Mendez (boliviana) e Federico Kaplan (argentino) distinguiu-se na categoria Ambiente com um projecto sobre o impacto das alterações climáticas sobre a população indígena La Guajira, na costa desértica da Colômbia. O alemão Jonas Kakó, por sua vez, conquistou o segundo lugar com um trabalho sobre a redução do caudal do rio Colorado, nos EUA, e Axel Javier Sulzacher, também de nacionalidade alemã, alcançou o terceiro prémio ao abordar o custo ambiental do cultivo intensivo de abacate no México.
As paisagens geladas e abstractas captadas pelo fotógrafo Kacper Kowalski na Polónia, o seu país natal, conquistaram o júri, que lhe atribuiu o primeiro prémio na categoria Paisagem. A série Postcards from Afghanistan after forty years of war, do fotógrafo italiano Bruno Zanzottera, venceu o segundo prémio e Loss and Damage, que o fotojornalista italiano Fabio Bucciarelli desenvolveu num inundado Sudão do Sul, mereceu o terceiro lugar.
Os portefólios do britânico James Deavin, com imagens realizadas em 2022 na Arábia Suadita, da francesa Marylise Vigneau e da holandesa Marjolein Martinot foram premiados por essa ordem.
Para os jurados, os fotógrafos que revelaram maior criatividade foram Lee-Ann Olwage (África do Sul), que desenvolveu a série The Right to Play sobre empoderamento feminino, a italiana Noemi Comi e a dupla também italiana Edoardo Delille e Giulia Piermartiri.
O grande vencedor do concurso, Edgar Martins, foi cabeça de lista na categoria Retrato, seguido do iraniano Ebrahim Noroozi (que retratou mulheres iranianas que são forçadas a utilizar burka na prática desportiva) e do francês Jean-Claude Moschetti, que fez retratos dos membros de uma sociedade secreta vodu, no Benim.
O basebol feminino pela lente do norte-americano Al Bello ganhou a partida da categoria Desporto, seguido dos italianos Andrea Fantini e Nicola Zolin, com projectos sobre competições indígenas de futebol na América do Sul e sobre o adeus a Pelé, que faleceu a 29 de Dezembro de 2022.
Cities Gone Wild, do norte-americano Corey Arnold, trouxe um retrato de animais que prosperam em ambientes urbanos e mereceu primeiro prémio na categoria de Natureza e Vida Selvagem. A fotografia de animais microscópicos do alemão Adalbert Mojrzisch foi distinguida com o segundo prémio e, por último, milhares de pirilampos em movimento captados pelo indiano Sriram Mural num santuário para tigres na Índia valeram o terceiro lugar.
Na categoria Natureza Morta, o chinês Kechun Zhang venceu com a série The Sky Garden, que retrata árvores de tamanho normal que parecem bonsais. O fotógrafo capta as árvores e as grandes pedras que as sustentam quando elas são levantadas no ar, acção que faz parte do processo de transplante para outros lugares. O peruano Carloman Macidiano Céspedes Riojas foi o segundo classificado da categoria e o polaco Jagoda Malanin o terceiro.
Os trabalhos vencedores do concurso estarão em exposição no Somerset House, em Londres, entre 14 de Abril e 1 de Maio de 2023. Em conjunto com esses, será apresentado o trabalho do vencedor do prémio Extraordinária Contribuição para a Fotografia, que este ano foi atribuído ao japonês Rinko Kawauchi.