Arroios tem bancos de rua que recolhem água da chuva para regar jardins ou lavar ruas
Freguesia tem capacidade para armazenar 42 mil litros de água que pode ser usada de forma a poupar água potável.
A Junta de Freguesia de Arroios instalou em meados de Fevereiro deste ano dez bancos de repouso e mais dois mobiliários urbanos que lembram cogumelos que armazenam a água da chuva e do orvalho para depois ser reutilizada na rega de espaços verdes ou na limpeza das ruas do bairro lisboeta em tempos de seca.
A iniciativa integra o programa Arroios Verde e representou um investimento de cerca 20 mil euros. Cada “cogumelo” pode armazenar 700 litros de água e cada um dos dez bancos tem capacidade para recolher 250 litros. No total são quase 4000 litros de água por cada descarga dos depósitos cheios, que serão depois armazenados em dois reservatórios, com capacidade de 21 mil litros cada.
A instalação deste mobiliário urbano hídrico, desenhado por uma equipa da junta, foi feita em parceria com a empresa Polinnovate, que tem a patente de um sistema de utilização de resíduos de plástico reciclado, material com que foram construídos os bancos, com dimensão para que três pessoas se sentem, e os “cogumelos”. Os equipamentos foram aprovados pelo Instituto de Soldadura e Qualidade, sendo, segundo a autarquia, “de elevada resistência ao desgaste, combustão e actos de vandalismo”.
A ideia partiu de Rui Vilela, vogal da Junta de Freguesia da Arroios (JFA) responsável pelo pelouro do Espaço Público, Espaços Verdes e Ambiente. “O que nos inspirou para avançar com este equipamento único no país foi o facto de ser necessário cada vez mais poupar água, face a anos em que a seca é cada vez mais severa. Arroios é uma freguesia com uma grande densidade de prédios e, também por isso, a preocupação com as questões do ambiente estão no pensamento do actual executivo desde o início do mandato”, afirmou ao PÚBLICO Rui Vilela.
O vogal da JFA diz que “a preocupação do executivo com a poupança de água” já teve resultados positivos: a autarquia gastou “dez vezes menos água” desde o início do mandato (Setembro de 2021) face ao período homólogo. “Temos uma gestão muito atenta. Temos uma resposta muito rápida a fugas de água e desperdícios”, garante.
Recentemente foi já transferida alguma água para os reservatórios principais – “pouca porque não tem chovido” –, que revelou “que os equipamentos estão a funcionar correctamente”. Rui Vilela diz que a capacidade das duas unidades centrais de recolha de água, de 42 mil litros, “pode parecer pouco, mas na verdade não o é”.
“A capacidade total dos dois reservatórios dá para regar 50 árvores juvenis, até cinco anos de plantação, que precisam de água duas a três vezes por semana durante um mês e três semanas”, revela.
Rui Vilela tem esperança de que a ideia original da JFA “se espalhe por todo o país”. “Achamos que tivemos uma boa ideia e as boas ideias devem ser repetidas. Se todos fizerem um bocadinho em defesa do ambiente, conseguimos coisas grandes”, salienta.
O programa Arroios Verde, em que está inserido o projecto dos equipamentos de recolha de água, tem um orçamento de 100 mil euros para este ano. Pretende tornar o território da freguesia sustentável e passa pela plantação de novos arbustos e árvores e pela construção de jardins verticais. “Já temos dez”, diz o vogal.
Os responsáveis pela autarquia dizem também estar a avançar com a criação de “uma rede colaborativa envolvendo as escolas e os projectos Eco Escola”, para que os jovens “possam aprender e envolver-se na criação desta iniciativa”.
“Queremos bater o recorde de plantação de árvores na freguesia. Queremos plantar 90 árvores neste mandato”, conclui Rui Vilela.
A Junta de Freguesia de Arroios é presidida por Madalena Natividade, uma independente indicada pelo CDS na eleição autárquica de 2021.