Há um chef trapalhão para conhecer no Sheraton de Lisboa
Sobre cada mesa há um projector e uma história para contar. Esta é uma experiência gastronómica interactiva, nascida em 2015, que chega agora a Portugal.
Tem seis centímetros de altura, anda pela nossa mesa, de um lado para o outro, ora diz "oh là là", ora conta até três em francês ou pergunta-se "ce qui se passe?" antes de atirar um rabanete para o nosso prato. Chama-se Le Petit Chef, é uma figura animada e é também o nome da experiência que o hotel Sheraton Lisboa propõe para os próximos meses, à hora do jantar. O primeiro acontece já nesta quinta-feira, às 20h.
No local onde os hóspedes tomam o pequeno-almoço, no piso térreo do hotel, há um espaço que, à noite, se fecha com pesados cortinados e se transforma para receber a experiência gastronómica interactiva. Lá dentro, sobre cada mesa há um projector e uma história para contar. Rui Miguel, o chefe de sala, ajeita o nosso prato e os copos, de maneira a que a experiência possa ser perfeita. Trata-se de um espectáculo digital que decorre em cima da mesa revestida a licra. É uma apresentação de videomapping, em 3D.
Desde 2015 que esta experiência já passou por vários restaurantes ou eventos, da Bélgica — de onde o projecto é originário — aos EUA, passando pela China, Rússia ou Turquia. Na parede do espaço estão emolduradas "fotografias" do Petit Chef pelas cidades por onde já passou, como Barcelona, Nova Iorque, Pequim, Berlim, Paris, Londres e, em grande destaque, Lisboa.
O chef Gil Raposo, do Sheraton, conta que as propostas da Skullmapping, um colectivo belga que se dedica a projectos onde alia a arte à tecnologia, são muitas e que foram escolhidos os cenários que inspiraram um menu que promove os produtos e a gastronomia portuguesa.
Ao todo, são cinco momentos, que podem variar conforme o menu que o cliente escolher. Existem quatro propostas: o menu "Le Grand Chef" (129€/pessoa), o "Le Petit Chef Classic" (99€/pessoa), o vegetariano (89€/pessoa) e o infantil (50€/pessoa, para crianças dos 3 aos 12 anos), em nenhum as bebidas estão incluídas. Embora os menus possam parecer diferentes, o pequeno chef que prepara os ingredientes para cada prato é sempre o mesmo. Ou seja, cada conviva vê exactamente o mesmo filme.
De terça a domingo, o jantar começa sempre às 20h — esta é uma experiência que se reserva com 24 horas de antecedência — por causa do espectáculo de videomapping. As mesas estão dispostas de acordo com os projectores pendurados no tecto, que possibilitam escolher de um jantar a dois até a um de grupo, explica Sofia Serpa, directora de marketing do Sheraton Lisboa, acrescentando que esta proposta estará disponível nos próximos seis meses.
E a experiência começa com o chefe de sala com um tablet na mão, a apresentar o pequeno chefe que vai fazer o menu e confessando que é um pouco trapalhão, que invariavelmente o seu trabalho termina de maneira desastrosa. Antes de o primeiro prato chegar à mesa, o Petit Chef está na horta, onde trata dos rabanetes e descobre que uma toupeira os anda a comer. À mesa chega um ovo cozinhado a baixa temperatura sobre crostini de presunto alentejano com chutney de tomate numa cama de alface e legumes das horas da Malveira com vinagrete trufado.
Segue-se novo filme, desta vez passado no mar, onde o Petit Chef pesca de uma maneira singular, atirando dinamite para o oceano. O castigo chega pouco depois quando um enorme polvo o atira para dentro de um mexilhão. Tudo isto no prato branco que temos à frente, onde, rapidamente, é depositado um caldo de peixe com um misto de bivalves e camarão salteados com salicórnia. O menu que experimentamos é o que dá o nome ao projecto, a diferença para o do Grand Chef é que aquele em vez de camarão tem lagosta. No menu vegetariano já uma sopa miso com heura (um produto alternativo à carne) salteada com salicórnia e coentros.
E o chef volta a aparecer, desta vez num cenário gelado com um iglu e é introduzido um limpa palato, um sorvete de lima com frutos vermelhos e uma espuma cítrica. Passamos à carne — ribbeye angus grelhado (para o Le Grand Chef) e lombo de novilho charolês (para o Le Petit Chef) — e o prato é transformado num grelhador onde a carne ribatejana é disposta pelo pequeno boneco que usa uma serra eléctrica para cortar brócolos que atira para o prato, mas acaba por fazer mais um disparate, queimando tudo.
O jovem cozinheiro termina com um crême brûlée de lúcia-lima e baunilha (no menu clássico) ou com fava tonca aromatizada com lúcia-lima (no menu mais caro). No menu vegetariano há um parfait de chia e leite de coco com lúcia-lima e manga.
Thierry Henrot, director do hotel, acredita que esta será uma "experiência sensorial gastronómica única" e está confiante no seu sucesso. "Vamos ver se funciona bem", diz aos jornalistas, acrescentando que se o balanço for positivo, a experiência poderá continuar, de preferência com novo espectáculo e novos pratos. No final, a figura de 3D ganha corpo num boneco de pelúcia que os clientes, preferencialmente os mais pequenos, poderão levar para casa — está disponível para venda por 29€.
O PÚBLICO experimentou o menu Le Petit Chef a convite do Sheraton Lisboa Hotel & Spa