EUA dizem que os hackers russos estão a espiar as câmaras de segurança dos cafés ucranianos

Director de Cibersegurança da Agência de Segurança Nacional norte-americana denuncia tácticas “criativas” da Rússia para recolher informações sobre a ajuda externa à Ucrânia.

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“Em vez de usarem as [câmaras] das praças principais das cidades, que estão disponíveis na Internet, [os hackers russos] estão a espreitar as câmaras de segurança dos cafés para verem a rua que precisam de ver”, diz a NSA Miguel Manso

O director da divisão de Cibersegurança da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla original) acusou a Federação Russa de usar tácticas “criativas” para recolher informações sobre a ajuda externa à Ucrânia, que incluem o acesso ilegal a câmaras de segurança dos cafés e de outros estabelecimentos semelhantes no país que invadiu há mais de um ano.

A denúncia de Rob Joyce foi feita numa intervenção, na terça-feira, no think tank Center for International and Strategic Studies, em Washington D.C., na qual relatou “ataques contínuos” dos piratas informáticos russos aos “interesses da Ucrânia”, a nível “financeiro, governamental e de empresas individuais”.

“Em vez de usarem as [câmaras] das praças principais das cidades, que estão disponíveis na Internet, [os hackers russos] estão a espreitar as câmaras de segurança dos cafés para verem a rua que precisam de ver”, afirmou.

Segundo Joyce, o principal objectivo do acesso a este tipo específico de material de videovigilância privada é procurar e monitorizar a movimentação de “colunas e comboios de distribuição de ajuda” dos aliados às autoridades ucranianas.

Citado pela AFP, o responsável da NSA acusou ainda a Rússia de estar a investir em operações de pirataria informática que têm como alvo empresas norte-americanas de produção de armamento e de transporte logístico para recolher informações sobre o fornecimento de armas à Ucrânia.

O enorme investimento que o Kremlin tem feito, nos últimos anos, em cibersegurança é conhecido e envolve acções de espionagem em vários países ocidentais, que mobilizam meios e pessoas.

A empresa alemã Siemens revelou recentemente que abriu uma investigação interna a uma funcionária que trabalhou na NTC Vulkan, uma empresa de hacking russa com ligações aos três ramos dos serviços secretos da Rússia.

Segundo a revista alemã Der Spiegel, a empresa produzia programas que poderiam ser usados para ciberataques ou ataques contra infra-estruturas-chave, como parar comboios ou paralisar computadores de aeroportos.

O diário norte-americano Washington Post diz que, em 2022, na sequência da invasão russa da Ucrânia, foram expulsas 400 pessoas de países europeus por suspeitas de espiarem para a Rússia.

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