Alerta nas praias: o tempo é de Verão, mas ainda temos “mar de Inverno”

O calor no fim-de-semana da Páscoa vai convidar à praia, mas é preciso cuidado redobrado com as correntes marítimas, alertam as autoridades. Na tarde desta quinta-feira, três pessoas morreram no mar.

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Três pessoas morreram nas praias nesta quinta-feira: um adolescente em Matosinhos e pai e filha no Meco Nelson Garrido

Fora de água, até parece Verão. A ausência de chuva e as temperaturas acima do habitual durante este fim-de-semana da Páscoa, com o território nacional a registar até 30 graus Celsius, podem convidar a dias de praia e até a mergulhos. Contudo, a costa portuguesa ainda apresenta um "mar de Inverno", com correntes e ondas fortes que representam um sério risco para os banhistas. Só nesta quinta-feira, três perderam a vida.

Em entrevista ao PÚBLICO, Jorge Ponte, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), explicou que, "apesar do calor, há que ter em conta as condições do mar", com ondas que podem chegar aos dois metros e meio de altura e "que se fazem sentir com alguma força". O fenómeno resulta de depressões provenientes do Atlântico Norte, algo natural para Abril e menos comum durante o Verão.

Este aviso, acrescentou Jorge Ponte, estende-se a toda a faixa costeira ocidental de Portugal Continental, com "excepção da costa sul do Algarve, onde as ondas, com cerca de metro e meio, têm origem num vento intenso do estreito do Gibraltar".

Esta quinta-feira, um rapaz de 17 anos foi encontrado sem vida na praia de Matosinhos, onde outras três pessoas foram resgatadas em dificuldades. Também esta tarde, na zona do Meco, em Sesimbra, duas pessoas, pai e filha, morreram por afogamento.

"A filha, de 7 anos, terá ido molhar os pés, foi enrolada numa onda. O pai, com cerca de 40 anos, tentou salvá-la, mas acabaram por morrer os dois", disse o capitão do porto de Setúbal, Marco Serrano, à Lusa.

Já na segunda-feira, em comunicado, a Autoridade Nacional Marítima (ANM) tinha alertado para o "mar de Inverno" e para o "efeito da ondulação forte, (...) criando nas praias zonas de fundões, declives acentuados, remoinhos e agueiros que não se encontram sinalizados nesta altura do ano."

Contactado pelo PÚBLICO esta quinta-feira, o porta-voz da Marinha e da ANM, o comandante José Sousa Luís, lembrou que, apesar do reforço de sensibilização nas praias com "maior afluência", a época de vigia balnear ainda não começou. Por isso, sublinhou, as pessoas não devem estar na água e, perante alguma emergência, devem "contactar o 112 e não entrar na água".

No referido comunicado, a Autoridade Nacional Marítima recomenda ainda a vigia permanente de crianças e a "distância de segurança em relação à linha de água, evitando ser surpreendido por uma onda".

Durante a próxima semana, a ondulação marítima vai continuar a rondar os dois metros de altura, confirmou o meteorologista do IPMA, Jorge Ponte. "As ondulações fazem-se sentir com alguma força, mesmo quando atingem um metro e meio", sublinha.

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