Podíamos chamar-lhes “livros geneticamente modificados”

Uma primeira edição, seja do que for (livro, filme ou disco), não é, em si, garantia de genuinidade ou fidelidade aos desejos do autor.

Entre as dezenas de comentários à minha crónica anterior, Um espectro ameaça a cultura: o das “pessoas sensíveis”, um deles abordava um tema que merece atenção. Dizia ele que não era aceitável que um autor alterasse, por iniciativa própria, obra sua, “a não ser que a obra original se encontre disponível também”; e dava como exemplo o filme Apocalipse Now, de Coppola. Já lá iremos, a este caso particular, mas antes convém deixar claro que uma primeira edição, seja do que for (livro, filme ou disco), não é, em si, garantia de genuinidade ou fidelidade aos desejos do autor. Seja por deficiente transcrição de manuscritos, erros não emendados, falhas de revisão, condições técnicas deficientes ou por simples desejo do autor, são habituais alterações ou melhorias.

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