Nas quintas eleições em dois anos, ex-primeiro-ministro da Bulgária vence outra vez e por pouco
Resultados parciais dão 26,6% à coligação liderada por Borisov, contra 24,5% do bloco centrista e pró-UE. Partido pró-russo obtém 14,4%. Espera-se nova etapa prolongada de negociações.
Nas quintas eleições legislativas na Bulgária no espaço de apenas dois anos, no domingo, o desfecho parece ter sido o mesmo da votação anterior, realizada em Outubro do ano passado: a coligação liderada pelo partido do ex-primeiro-ministro Boiko Borisov, GERB, de centro-direita, foi a mais votada, mas por uma curta margem.
Segundo os resultados provisórios, divulgados esta segunda-feira pelas autoridades eleitorais búlgaras, o GERB e a SDS (conservadores) conseguiram 26,6% do total de votos.
Na segunda posição, com 24,5%, ficou a coligação encabeçada pelo PP, partido reformista centrista – que foi o mais votado nas eleições de Novembro de 2021 e cujo governo, liderado por ex-primeiro-ministro Kiril Petkov, foi derrubado em Junho do ano passado – e que também inclui o DB (europeísta).
O partido de extrema-direita e pró-russo Renascimento conseguiu 14,4%, ao passo que os étnicos turcos do DPS se ficaram pelos 13%, com 9% dos votos atribuídos aos socialistas do BSP.
Com resultados tão fragmentados e sem maiorias parlamentares óbvias na Assembleia Nacional, a Bulgária vai entrar novamente num período negocial, em busca de uma solução de governo, semelhante a todos aqueles que a têm levado a ir às urnas recorrentemente.
A elevada inflação, o aumento do custo de vida e os efeitos generalizados da invasão russa da Ucrânia na economia búlgara contribuíram para cimentar a sua posição como um dos Estados-membros mais pobres da União Europeia.
Nos últimos tempos, face à instabilidade política, o país tem sido governado tecnocratas nomeados pelo Presidente, Rumen Radev, que, nas próximas semanas, terá de desafiar o líder da coligação mais votada a procurar uma fórmula de governo.
Suspeito de desvio de fundos europeus, no âmbito de uma investigação da Procuradoria Europeia – esteve, inclusivamente, detido durante 24 horas em Março do ano passado –, Borisov dificilmente conseguirá um acordo com o PP, que tem na luta contra a corrupção uma das suas principais bandeiras políticas e que, por isso, rejeita quaisquer contactos com o homem que liderou o Governo entre 2009 e 2021.
Decidida a fazer da Bulgária um verdadeiro “país europeu”, a coligação PP-DB defende a entrada na NATO e um apoio indiscutível à Ucrânia na guerra contra a Rússia, pelo que também exclui qualquer solução política com o Renascimento.