Oposição considera que entrevista de Costa à SIC “não trouxe nada de novo”

BE e PCP foram os únicos partidos que não adoptaram a ideia. Ainda assim, o primeiro afirmou que Antonio Costa foi “muito forte na propaganda” e o segundo que “passou ao lado” do importante.

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Pedro Filipe Soares considerou que António Costa foi "muito forte na propaganda" Matilde Fieschi

A maioria da oposição parlamentar considerou que a entrevista de António Costa esta quinta-feira à SIC “não trouxe nada de novo”. PSD, PAN, IL e Chega alinharam vozes nesse sentido; BE disse que António Costa foi “muito forte na propaganda” e PCP afirmou que o primeiro-ministro “passou ao lado” das questões essenciais.

Para o PSD, tudo é “requentado”. As “medidas”, as “ideias”, os “PowerPoints” e até a “propaganda”. Segundo Margarida Balseiro Lopes, vice-presidente do PSD, nesta entrevista à SIC o primeiro-ministro “não trouxe uma única novidade nem qualquer mensagem de esperança”.

“O primeiro-ministro fala como se fosse primeiro-ministro há um ano. A entrevista não trouxe esperança. O Governo desmerece a maioria absoluta que o povo concedeu”, começou por dizer a presidente dos sociais-democratas. Sobre habitação, as “medidas não passam de mais um conjunto de intenções que afastam investidores e desconsideram municípios, não respondendo ao problema da falta de casas”, completou.

Inês Sousa Real, líder e deputada única do PAN, concordou com a lógica de Balseiro Lopes, notando que a entrevista foi uma “mão cheia de intenções” que “não trouxe nada de novo face às medidas anunciadas”.

“Não é um Governo com apenas um ano. Do que falamos é de um Governo de continuidade, com oito anos de mandato. Neste momento difícil, o primeiro-ministro não dás sinais às famílias de ir mais longe”, lamentou a deputada.

“Muito forte na propaganda”

Em reacção, Rui Rocha, líder e deputado da Iniciativa Liberal, também sublinhou as ideias de ausência de novidades e de um conjunto de “intenções”.

“Não há nenhuma novidade”, começou por dizer. “Não há ideias para o país. (…) [O primeiro-ministro] é incapaz de dizer como será a vida dos portugueses daqui a três ou cinco anos. Qual vai ser o crescimento da economia? Como vão ter mais dinheiro no bolso? Horas e horas de pequenas medidas e de intenções que não serão aplicadas”, afirmou o liberal.

À direita da IL, o Chega reagiu através do seu líder, André Ventura, para concordar com a reacção dos restantes grupos parlamentares: “A entrevista não acrescentou grande coisa”, começou por dizer Ventura. E continuou, realçando a alegada má relação de São Bento com Belém: “A fuga constante da tensão com o Presidente da República ficou evidente nesta entrevista. António Costa sabe que não só está a perder o apoio nas ruas, mas também a perder o apoio ou sustentabilidade que tem tido por parte do Presidente da República.”

Pedro Filipe Soares, líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, observou que António Costa foi “muito forte na propaganda” e demonstrou ter tido “pouca vontade de governar”, uma vez que “entregou o IVA à grande distribuição” e as questões do “alojamento local” e do “arrendamento” às autarquias.

Os comunistas também recorreram à líder da sua bancada parlamentar para reagir. No entender da deputada Paula Santos, o primeiro-ministro “passou ao lado das repostas que são necessárias para resolver os problemas”. “Passou ao lado dos aumentos dos salários, das pensões, da necessidade de controlo de bens e serviços essenciais”, elencou, entre outras questões importantes para o PCP.

Paula Santos também considerou que António Costa “passou ao lado das medidas necessárias para a habitação, como proteger os inquilinos ou pôr os lucros da banca a pagar taxas de juro para que as famílias não percam as suas habitações”.

Após ter apresentado a versão final do pacote Mais Habitação, o primeiro-ministro deu esta noite uma entrevista à SIC, em que, entre outras afirmações, se disse “perplexo” com as reacções geradas pelo pacote de habitação apresentado pelo seu Governo, há um mês e meio.

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