Os abusos sexuais e a apostasia: “Nem mais um cêntimo, nem mais um minuto para a Igreja”

A reacção dos bispos aos abusos sexuais na Igreja está a levar um número crescente de católicos a requererem a apostasia. O baptismo não se anula, mas a desvinculação da Igreja fica registada.

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RG Rui Gaudêncio - 23 Março 2023 - Enxoval do baptizado. Lisboa. Público Rui Gaudêncio

Maria Soares sentiu uma raiva a crescer-lhe nos dentes quando, no passado dia 3 de Março, os bispos se dirigiram ao país para dar conta das medidas a adoptar face ao relatório que estimou que pelo menos 4815 crianças foram abusadas por membros da Igreja Católica, desde 1950 até à actualidade. “Foi aviltante. Senti aquilo como uma afronta. Vi bispos a rirem-se! Como é que eles conseguiram mostrar aquele descaramento?! Esperava que demonstrassem um bocado de vergonha”, exaspera-se ainda hoje a arquitecta de 65 anos, residente em Lisboa, para contar ao PÚBLICO que foi nesse exacto momento que consolidou a decisão de pedir a apostasia, isto é, de requerer formalmente que ao seu assento de baptismo fosse averbada a informação de que repudia a fé, deixando por isso de pertencer à Igreja Católica.

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