Banco de Portugal revê em alta crescimento para este ano

Entidade liderada por Mário Centeno prevê crescimento do PIB de 1,8% este ano, mais do que os 1,5% que esperava em Dezembro. E acredita que o recuo da inflação pode também ser mais rápido.

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Mário Centeno, governador do Banco de Portugal Rui Gaudencio

Com a ajuda decisiva de uma conjuntura internacional mais favorável, o Banco de Portugal reviu esta sexta-feira em alta as suas previsões de crescimento para a economia portuguesa durante este ano, passando ao mesmo tempo a antecipar um recuo da inflação ligeiramente mais rápido. O maior crescimento das exportações ajuda, num cenário em que a subida das taxas de juro penaliza a evolução do consumo.

Nas novas projecções divulgadas esta sexta-feira, o banco central passa a prever, para o decorrer deste ano, um crescimento da economia portuguesa de 1,8%. É um valor mais favorável do que os 1,3% com que o Governo baseou a proposta de Orçamento do Estado para 2023 e supera também a previsão de 1,5% que tinha sido feita pelo próprio banco no passado mês de Dezembro. Para 2024 e 2025, as projecções de crescimento económico ficaram praticamente na mesma, de 2% nos dois anos.

No que diz respeito à inflação, o Banco de Portugal agora aponta para que, depois de uma variação média dos preços de 8,1% em 2022, este indicador diminua para 5,5% este ano, 3,2% em 2024 e 2,1% em 2025. Em Dezembro, o ritmo previsto para a descida da inflação era um pouco mais baixo, com 5,8% este ano, 3,3% em 2024 e 2,1% em 2025.

É relativamente ao primeiro e segundo trimestres deste ano que o Banco de Portugal passou a ser mais optimista, tanto no que diz respeito ao crescimento económico, como à inflação. E a razão está essencialmente na melhoria que se tem observado nos últimos meses na conjuntura internacional.

Nos pressupostos assumidos para realizar as suas previsões, a entidade liderada por Mário Centeno aponta para um crescimento na zona euro em 2023 de 1%, um valor que significa que se continua a prever que Portugal garanta uma convergência com a média europeia, mas que é também mais alto do que os 0,3% que eram projectados para Dezembro.

A par com um ritmo de crescimento maior, a zona euro apresenta agora também um valor mais baixo do que o previsto para a inflação, especialmente devido a uma evolução mais favorável registada nos preços dos mercados energéticos.

É por causa desta conjuntura internacional que o Banco de Portugal revê em alta a sua previsão de crescimento das exportações no decorrer deste ano, apontando para uma variação de 4,7%, quando em Dezembro projectava apenas 4,3%.

No que diz respeito à procura interna, a revisão até foi feita em baixa, mesmo que de forma muito ligeira. O banco central prevê que o consumo privado cresça 0,3% em vez dos 0,2% esperados em Dezembro, mas passou a estimar uma variação de 2,3% do investimento, quando em Dezembro apontava para 2,9%.

O principal motivo por trás deste crescimento tão moderado do consumo e do investimento está no endurecimento da política monetária na zona euro, com subidas de taxas de juro acentuadas que afectam a capacidade das famílias e as empresas para consumir e investir.

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