Abusos na Igreja. Padre afastado em Lisboa diz que foi caluniado

Mário Rui Leal Pedras, pároco das igrejas de São Nicolau e da Madalena, consta da lista de padres acusados de abusos que a Comissão Independente entregou na Diocese de Lisboa.

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Pároco das igrejas de São Nicolau e da Madalena, em Lisboa, consta da lista de abusadores que a Comissão Independente entregou na Diocese de Lisboa PEDRO CUNHA

O padre Mário Rui Leal Pedras, pároco das igrejas de São Nicolau e da Madalena, em Lisboa, garante que a denúncia anónima de abusos sexuais que fez com que fosse afastado preventivamente pelo Patriarcado de Lisboa é “falsa” e “caluniosa”.

Num comunicado divulgado na quarta-feira, o sacerdote — que é também conhecido por ser, há vários anos, director espiritual e confessor de André Ventura, conforme revelou o líder do Chega em entrevistas aos jornais Expresso e Sol — explica que, na passada segunda-feira, foi chamado ao Patriarcado de Lisboa e informado de que o seu nome consta da lista de abusadores que a Comissão Independente entregou na Diocese de Lisboa, e que levou ao afastamento de quatro padres no activo.

O seu afastamento deve-se, segundo o comunicado, a uma denúncia anónima na qual “alguém refere ter sido vítima de abusos” perpetrados pelo padre Mário Rui Leal Pedras, os quais alegadamente ocorreram na década de 1990. Nessa altura, o padre diz que a alegada vítima frequentava o 8.º ano “num colégio da periferia de Lisboa”.

“A notícia assim transmitida chocou-me profundamente. Quero dizer-vos que essas imputações são totalmente falsas. Ao longo da minha vida sacerdotal não pratiquei o que quer que fosse de censurável, seja pelo prisma da lei canónica, pelo prisma da lei civil ou da ética comportamental”, garante.

O pároco diz ainda que a denúncia não dá a conhecer a identidade da alegada vítima; não indica o local onde “os falsos abusos teriam sido perpetrados”; nem “fornece qualquer pista para levar a cabo uma investigação, referindo, por exemplo, o nome de potenciais testemunhas que tivessem algum conhecimento sobre o tema”.

“Uma denúncia anónima, falsa, caluniosa, sem qualquer elemento útil ou prestável para investigação”, destaca o padre Mário Rui Leal Pedras, salientando que tal “calúnia” o deixa numa “situação delicada”. “Vejo a minha honra e a minha reputação serem afectadas por um golpe cobarde, cuja existência não consigo entender nem explicar. Procurarei fazer tudo o que estiver ao meu alcance para desmascarar quem me difamou, restaurando a minha honra, agora visada, livrando-a de qualquer mácula ou suspeita”, garante.

Em comunicado, o pároco diz ainda que vai analisar “quais as vias possíveis para reclamar judicialmente a reparação” que lhe é “devida”, embora admita que “o carácter anónimo da denúncia poderá comprometer” este propósito.

Mário Rui Leal Pedras, padre há 41 anos, sublinha que nada fez de “errado, desrespeitador ou criminoso” e que, apesar de estar ciente da sua “absoluta inocência”, se colocou “à disposição do Patriarca de Lisboa, para que tomasse as medidas cautelares que entendesse adequadas, no âmbito da investigação prévia que agora se iniciará e dos procedimentos que se lhe sigam”.

O padre diz ele próprio reclamar que tais diligências “se iniciem com a máxima brevidade”, assumindo-se como vítima de “difamação” e de uma “enorme injustiça” na sequência de uma denúncia “anónima e falsa, formulada por engano, mão criminosa ou mente perversa”.

A entrega pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica de mais de 100 nomes de suspeitos de abuso sexual de menores a 20 dioceses portuguesas – exceptuando-se a das Forças Armadas levou ao afastamento preventivo de 12 padres: quatro em Lisboa, três no Porto, um em Braga, outro na Guarda, dois em Angra do Heroísmo, nos Açores, e um em Évora.

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