EUA negam que Pequim tenha expulsado um navio de guerra americano do mar do Sul da China

Exército chinês diz que o contratorpedeiro USS Milius entrou “ilegalmente” nas águas territoriais das ilhas Paracel. Marinha norte-americana rejeita alegação e fala em “operações de rotina”.

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O contratorpedeiro USS Milius, numa imagem de arquivo REUTERS/Issei Kato

As tensões entre República Popular da China e Estados Unidos na região do Indo-Pacífico subiram um pouco mais de tom nesta quinta-feira, com relatos contraditórios das respectivas Forças Armadas sobre a presença e o destino de um navio de guerra norte-americano no mar do Sul da China.

Segundo Tian Junli, porta-voz do Comando do Teatro de Operações Oriental do Exército de Libertação do Povo Chinês, o contratorpedeiro USS Milius entrou “ilegalmente” nas águas territoriais das ilhas Paracel, um dos arquipélagos disputado entre China, Taiwan e Vietname – a que Pequim chama ilhas Xisha.

Citado pela Reuters, o porta-voz diz que a Marinha chinesa “monitorizou” e “afastou” o navio e acusou os EUA de porem em causa a paz e a estabilidade na região.

“As forças do Teatro irão manter um elevado estado de alerta a toda a hora e tomar todas as medidas necessárias para salvaguardar, de forma resoluta, a soberania e a segurança nacionais, assim como a paz e a estabilidade no mar do Sul da China”, informou Tian Junli.

O Global Times, jornal do Partido Comunista Chinês em língua inglesa, acrescentou, mais tarde, que “múltiplos observadores notaram” que “o mundo tem de perceber, de forma clara, que os EUA são os verdadeiros trouble makers no mar do Sul da China”.

Os Estados Unidos rejeitaram, no entanto, as alegações chinesas, através de um curto comunicado, divulgado pela 7.ª Frota da Marinha norte-americana.

“O USS Milius está a levar a cabo operações de rotina no mar do Sul da China e não foi expulso. Os EUA vão continuar a voar, a navegar e a operar sempre ao abrigo do direito internacional”, refere o comunicado.

Nos últimos dias, a Marinha norte-americana tem realizado vários exercícios militares no mar do Sul da China, mas também no mar Oriental da China e no mar das Filipinas.

Esta não é a primeira vez que Pequim diz que expulsou navios norte-americanos do mar do Sul da China – e também não é a primeira vez que os EUA rejeitam o relato chinês. Em 2022 e em 2021 houve notícias semelhantes.

O mar do Sul da China é rico em recursos energéticos e, por ele, passa mais de metade do tráfego marítimo anual.

A China reivindica uma área com cerca de 3,5 milhões de quilómetros quadrados (quase 85% do mar), mas as suas ambições chocam com outras reivindicações territoriais das Filipinas, da Malásia, do Brunei, do Vietname e de Taiwan.

Para defender os seus interesses, tem intensificado a sua presença naval e militar na região disputada, tendo inclusivamente construído ilhas artificiais e outras infra-estruturas militares.

Em nome da “liberdade de circulação”, os EUA também têm reforçado a sua presença no mar do Sul da China, tendo garantido, recentemente, o acesso a mais três bases militares nas Filipinas, todas elas viradas para Taiwan, e a uma outra no arquipélago de Palawan, numa das zonas mais disputadas.

Para além disso, anunciaram há cerca de semana os planos da sua mais recente parceria militar para o Indo-Pacífico, o AUKUS, tendo em vista o reforço da Marinha australiana com submarinos movidos a energia nuclear.

O AUKUS é uma iniciativa conjunta dos EUA, Reino Unido e Austrália desenhada para conter a China na sua vizinhança alargada.

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