Artesanato, doçaria e produtos regionais. Tecidos alentejanos, marroquinos, tunisinos, egípcios e espanhóis. E também concertos, exposições, oficinas, uma zona de oração e muita animação de rua, em nome da herança árabe e do encontro de culturas. É Mértola a transformar-se, durante quatro dias, num souk como não se via há… um ano. E isto é uma novidade.
É a primeira vez desde a sua estreia, há 22 Primaveras, que o Festival Islâmico se realiza dois anos seguidos. Normalmente é bienal, mas o cancelamento da edição de 2021, por causa da pandemia, motivou o ajuste.
A organização, a cargo da autarquia alentejana, espera atrair 60 mil visitantes (mais dez milhares do que no ano passado) a esta 12.ª edição. O mercado de rua concentra-se no centro histórico mas, na senda da fórmula testada com sucesso em 2022, torna a alargar-se aos arrabaldes.
Celebrando as tradições da época em que a vila dava pelo nome de Martulah, o festival é montado para celebrar “a interculturalidade intrínseca da sua relação histórica com o mundo islâmico”, refere o comunicado. E “tem a sua base no trabalho arqueológico realizado sobre o património de Mértola”, acrescenta. A imagem desta edição inspira-se, aliás, numa tigela de cerâmica do século XII, exposta no Núcleo de Arte Islâmica do Museu de Mértola Cláudio Torres.
Mas desengane-se quem vai à espera de entrar uma máquina do tempo ao chegar à vila-museu. O Festival Islâmico posiciona-se como distinto de outros do género e “distancia-se do conceito de feira medieval”, sublinham. A ideia é “experienciar o presente de um mercado árabe real, com comerciantes reais, sem encenações ou recriações históricas”. Daí que o visitante seja encorajado, por exemplo, a regatear os preços.
Apostado em promover “o conhecimento, o diálogo, a tolerância e cidadania entre culturas”, colorido pelos panos que cobrem as ruas estreitas e íngremes, e aromatizado pelas especiarias e outras especialidades gastronómicas, o festival assegura a presença de 120 expositores. Que se regateie então um bom preço para djellabas, incenso, chás, bijutaria, cestaria, cabedais e muitos outros produtos e sabores, desta e de outras paragens.
Para dar música ao vivo à festa, convoca os marroquino-espanhóis CusCus Flamenco e os sírios TootArd. Ambos os concertos estão agendados para 19 de Maio. Os primeiros, que fundem o canto e dança do flamenco com a poesia e a música árabe-andaluz, actuam às 21h30, no Castelo de Mértola. Os segundos, que misturam o estilo tuaregue com sintetizadores, reggae, um toque psicadélico e outro de disco, apresentam-se no Cais do Guadiana, às 00h30.
As portas do souk abrem às 10h e fecham à meia-noite, excepto ao domingo, em que encerram mais cedo, às 19h. A entrada é livre. Mais informações aqui.