Congresso espanhol rejeita moção de censura do Vox

Além dos seus deputados, o partido de extrema-direita só conseguiu convencer um ex-deputado do Cidadãos, que agora é independente.

Foto
Pedro Sánchez conseguiu sobreviver à segunda moção de censura do Vox Reuters/JUAN MEDINA

O Congresso espanhol chumbou nesta quarta-feira a moção de censura apresentada pelo Vox, que tinha como candidato a chefe de Governo Ramón Tamames, economista independente e antigo militante do Partido Comunista. Depois de dia e meio de debates, a iniciativa da extrema-direita não conseguiu reunir apoio de nenhum outro partido, a não ser do ex-deputado do Cidadãos e agora independente Pablo Cabronero.

Nesta sua segunda moção, o partido de Santiago Abascal só logrou que o principal partido da direita, o Partido Popular, que votou contra na primeira, em 2020, se abstivesse agora. No fim, a moção precisava de 176 votos para derrubar o Governo, mas ficou-se pelos 53 votos, ajudando a reforçar o Governo.

A votação foi feita através de chamada um a um dos deputados, que se punham de pé e anunciavam o seu voto: só os 52 deputados do Vox e Cambronero disseram sim à moção de censura.

Votaram contra todos os outros deputados (201), com excepção do PP e dos seus aliados do Foro e do Navarra Soma, que se abstiveram, ao todo 91 abstenções. Dois deputados do Unidas Podemos (que faz parte da coligação de Governo) e uma deputada dos independentistas bascos do Bildu não votaram por se encontrarem ausentes do Congresso.

Esta foi a sexta moção de censura em Espanha desde a Constituição de 1978, a segunda que o Vox apresenta na mesma legislatura e a primeira liderada por um candidato independente, sem qualquer vínculo orgânico ao partido que propôs a moção.

Tamames, de 89 anos, professor catedrático jubilado, foi dirigente do Partido Comunista Espanhol durante a transição para a democracia, vice-presidente da Câmara de Madrid com o socialista Enrique Tierno Galván, fundador da Esquerda Unida (que faz parte do Unidas Podemos) e mais tarde militante do Centro Democrático e Social (CDS) de Adolfo Suárez (que também enfrentou uma moção de censura em 1980).

Curiosamente, das cinco moções de censura anteriores só a quarta, apresentada pelo actual presidente do Governo, Pedro Sánchez, em Junho de 2018, conseguiu o propósito de derrubar um Governo, na altura o do PP, liderado por Mariano Rajoy — conseguindo 180 votos a favor, com 169 contra.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários