Os Nenúfares de Monet, agora em Lego, pela mão de Ai Weiwei

Ai Weiwei: Making Sense , a primeira exposição focada no design do artista dissidente chinês a residir em Portugal, será inaugurada no Design Museum, em Londres, a 7 de Abril.

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Water Lilies #1, já instalados na galeria,Water Lilies #1, já instalados na galeria Ela Bialkowska/OKNO Studio,Ela Bialkowska/OKNO Studio
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Um detalhe de Water Lilies #1 Ela Bialkowska/OKNO Studio
,Ai Weiwei: fazendo sentido
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Ai Weiwei com o seu habitual "middle finger" erguido frente ao Design Museum Rick Pushinsky
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mikael gregorsky
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O artista global Ai Weiwei terá em Abril a sua maior exposição no Reino Unido dos últimos oito anos e uma das peças inéditas que vai mostrar está a captar especial atenção: uma recriação dos famosos Nenúfares, de Claude Monet, totalmente feita com peças Lego. A mostra Ai Weiwei: Making Sense inaugura-se a 7 de Abril no Design Museum de Londres e será a primeira exposição focada no design do artista dissidente chinês — que este mês foi director da edição de aniversário do PÚBLICO, residindo em Portugal há alguns anos.

A série Nymphéas, os famosos nenúfares de Claude Monet, é a mais conhecida e valiosa produção do pintor impressionista francês e é composta por cerca de 250 óleos criados nos últimos 30 anos da carreira do pintor. Ai Weiwei debruçou-se sobre o tríptico Nymphéas (1914-26), uma obra monumental do autor francês, e recriou-a com cerca de 650 mil tijolos Lego em 22 cores, segundo informa o diário britânico The Guardian. A obra tem 15 metros de comprimento.

Water Lilies #1 é a maior obra feita com tijolos da dinamarquesa Lego por Ai Weiwei, que trabalha com o material há quase uma década. Ocupará todo o comprimento da principal galeria do museu. Chegou ao museu dividida em dez painéis já montados que depois a equipa teve de juntar.

As cores são mais fortes do que as da pintura original, uma das mais emblemáticas evocações da perfeição da natureza que Monet tanto tentou captar — e encenar, visto que os jardins e lagos com nenúfares que retratou, e que ficavam na sua casa em Giverny, foram concebidos pelo impressionista. Ai Weiwei faz agora das pinceladas a óleo uma “linguagem despersonalizada de peças e cores industriais”, segundo disse Justin McGuirk, curador principal do Design Museum, ao Guardian. As peças Lego acabam por funcionar, aos olhos de hoje, como pixéis e “sugerem as tecnologias digitais contemporâneas centrais à vida moderna”, mas também são “uma referência a como a arte muitas vezes é disseminada no mundo contemporâneo”.

Esta é uma recriação e não muda apenas pelos factores supracitados. À direita, há uma mancha negra — representa uma porta para a trincheira subterrânea onde o seu pai, o poeta Ai Qing, viveu em exílio forçado em Xinjiang nos anos 1960. “Sem uma narrativa pessoal, a narração artística perde a sua qualidade. Em Water Lilies #1, integro a pintura impressionista de Monet e experiências concretas do meu pai e eu numa linguagem digitalizada e pixelizada”, diz Ai Weiwei, citado pelo Guardian.

Ai Weiwei colaborou na concepção da exposição, que se apresenta como “a primeira a apresentar o seu trabalho como um comentário sobre o design e o que revela sobre os nossos valores em mudança. Através da sua relação com a cultura material, Ai explora a tensão entre o passado e o presente, mão e máquina, precioso e sem valor, construção e destruição”, lê-se na apresentação da mostra.

Patente ate 30 de Julho na zona londrina de Kensington, incluirá a obra Marble Toilet Paper, de 2020 (uma réplica de um rolo de papel higiénico em mármore e uma referência à pandemia de covid-19) ou Glass Helmet (2022), um capacete de protecção usado em estaleiros mas feito em vidro. Dada a dimensão monumental de algumas obras, dividir-se-á entre a galeria do museu e a própria rua Kensington High Street, passando o futuro visitante por uma casa da dinastia Qing instalada no átrio da instituição, sendo possível deambular pela sua colorida estrutura em madeira.

As peças Lego acabam por funcionar, aos olhos de hoje, como pixéis, diz o curador da exposição citado pelo diário "The Guardian" cortesia ai weiwei studio/design museum
"Glass Helmet" (2022), um capacete de protecção usado em estaleiros mas feito em vidro cortesia ai weiwei studio/design museum
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As peças Lego acabam por funcionar, aos olhos de hoje, como pixéis, diz o curador da exposição citado pelo diário "The Guardian" cortesia ai weiwei studio/design museum

Outro dos destaques de Ai Weiwei: Making Sense serão as centenas de milhares de objectos espalhados em “cinco campos expansivos” que mostrarão peças coleccionadas pelo autor desde os anos 1990 mas também vestígios da sua carreira — um deles é Left Right Studio Material, milhares de fragmentos do que resta das esculturas de porcelana de Ai Weiwei destruídas quando o seu estúdio, Left Right, foi demolido pelo regime de Pequim em 2018. Artefactos da Idade da Pedra ou peças de Lego, com as quais começou a trabalhar em 2014 em retratos de presos políticos, estarão também nesses “campos”.

Notícia actualizada às 11h32 de 21 de Março com imagens das obras da exposição

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