Ai Weiwei: “O Ocidente perdeu a capacidade de sofrer”
Sugerimos a Ai Weiwei que entrevistasse alguém, quem quer que fosse. Quando quisemos saber a escolha, disse: eu próprio. Pediu apenas algumas pistas (para começar a conversa) e enviou-nos este texto.
Por que razão se envolveu na política?
É uma pergunta que muitas vezes faço a mim mesmo. Deriva do tipo de pessoa que sou. Nasci há 66 anos na China. Durante os primeiros 20 anos após ter nascido, cresci num meio extremamente autoritário e politizado. Nessa altura, o meu pai e, por isso, também toda a nossa família éramos considerados inimigos do Estado e do Partido [Comunista da China], e até nos chamavam “inimigos do povo”. Nessa altura, este tipo de acusações era muito sério. Implicava que éramos mais prejudiciais e tóxicos do que qualquer outro perigo e merecíamos ser imediatamente rejeitados. Era uma vida em que estávamos a ser punidos de forma constante. Mas, felizmente, eu era uma criança e não percebia completamente tudo aquilo.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.