Igreja submersa há 60 anos volta a ficar visível por causa da seca em Espanha

Desde 1962 que a igreja estava completamente tapada por água. A Catalunha pediu aos seus sete milhões de habitantes que reduzissem o consumo de água: 8% em casa, 15% na indústria e 40% na agricultura.

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Desde 1962 que a igreja de Sant Romà de Sau, submersa nas águas do rio Ter, não estava completamente descoberta Reuters/NACHO DOCE
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Alguns reservatórios na Catalunha estão tão baixos que construções antigas como pontes e outras estruturas ressurgiram Reuters/NACHO DOCE
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Alguns reservatórios na Catalunha estão tão baixos que construções antigas como pontes e outras estruturas ressurgiram Reuters/NACHO DOCE
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Alguns reservatórios na Catalunha estão tão baixos que construções antigas como pontes e outras estruturas ressurgiram Reuters/NACHO DOCE

Espanha está a lidar com uma seca prolongada após 36 meses de precipitação abaixo da média, com algumas regiões do país a sentirem o efeito de uma forma tão intensa que as autoridades pediram às pessoas que cortassem o uso da água e os meteorologistas alertaram para o pior.

Alguns reservatórios na Catalunha estão tão baixos que construções antigas como pontes e a torre de uma igreja reemergiram. As pessoas estão a lançar papagaios em leitos secos de lagos e as aplicações de navegação mostram as pessoas no meio da água quando estão em terra firme. Segundo o diário El País, desde 1962 que a igreja de Sant Romà de Sau, submersa nas águas do rio Ter, não estava completamente descoberta.

Identificada com uma arquitectura românica, a igreja de Sant Romà de Sau data do século XI e é constituída por uma nave e uma torre sineira, que foi renovada em 1999 devido ao perigo que o enfraquecimento da sua estrutura representava para os visitantes do reservatório, explica o diário espanhol. "Normalmente, o piso superior da torre sineira sobe acima do nível da água, revelando as suas janelas com arcos semicirculares e a sua característica cata-vento, que se tornaram a imagem surrealista do reservatório do Sau", refere a notícia.

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O estado da região após meses de seca Nacho Doce/REUTERS

O local é uma atracção turística da região porque, em circunstâncias normais do caudal do rio, o topo da torre fica visível nas águas. Porém, agora totalmente a descoberto, os visitantes aumentaram significativamente.

Alterações climáticas

As previsões de meteorologia indicam que os próximos dias serão mais secos e quentes do que o habitual nesta Primavera ao longo da costa nordeste do Mediterrâneo que inclui a Catalunha. O tempo seco aumentará o risco de incêndios, mesmo que os próximos meses tragam a precipitação média a nível nacional, disse a agência meteorológica espanhola AEMET.

"Esta é uma área que poderíamos descrever como terra de ninguém, porque não está a ser afectada pelas tempestades vindas do Atlântico e do Mediterrâneo", disse o porta-voz da AEMET, Ruben del Campo, à Reuters, referindo-se ao nordeste de Espanha.

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As aplicações de navegação mostram as pessoas no meio da água quando estão em terra firme Nacho Doce/REUTERS

O responsável confirma que esta situação é agravada pelas alterações climáticas. "As ondas de calor nesta área geográfica do planeta são actualmente mais frequentes, estão a aumentar mais frequentemente do que noutras regiões", afirma.

A seca em Espanha a nível nacional medida ao longo de 12 meses não é pior do que era em 2017, 2012 e 2005. No entanto, o nível médio da água nos reservatórios da Catalunha encontra-se apenas a 27%, ou seja, ligeiramente acima do nível que se observa em partes da região Sul da Andaluzia.

Após 25 meses sem uma precipitação significativa, a Catalunha pediu no início deste mês à maioria dos seus sete milhões de habitantes que reduzisse o consumo de água em 8% em casa, 15% na indústria e 40% na agricultura.

No reservatório de Sau, 100 quilómetros a Norte de Barcelona, que está apenas a 10% da sua capacidade, os barcos estavam a capturar toneladas de peixe, que lutariam para sobreviver na água com baixo teor de oxigénio, a fim de proteger a água potável. As espécies invasoras serão eliminadas enquanto as nativas serão libertadas em águas próximas. O acesso a algumas zonas foi restrito para impedir que as pessoas fiquem presas na lama.