Donald Trump diz que vai ser detido na próxima terça-feira
O ex-Presidente dos EUA usou a sua rede social para antever a detenção em Nova Iorque e pediu aos seus apoiantes para se manifestarem.
O ex-Presidente norte-americano Donald Trump afirmou que será detido na terça-feira pelo procurador de justiça de Nova Iorque, na sequência do caso sobre um alegado pagamento feito à actriz pornográfica Stormy Daniels para comprar o seu silêncio sobre os encontros sexuais entre ambos.
Trump declarou na Truth Social, a sua rede social, que “fugas ilegais” do gabinete do procurador distrital de Manhattan indicam que o “candidato à liderança e ex-Presidente dos Estados Unidos será detido na terça-feira."
“Protestem, tragam de volta a nossa nação”, escreveu Trump, exortando os seus seguidores a manifestarem-se.
Os procuradores em Nova Iorque têm vindo a realizar preparativos de segurança face à eventualidade de Trump poder ser acusado.
Até ao momento, não houve qualquer anúncio público de um prazo para a conclusão do trabalho do grande júri no caso, incluindo qualquer potencial votação sobre a possibilidade de indiciar o ex-Presidente por aqueles crimes.
Um porta-voz do gabinete do procurador recusou-se a comentar.
O procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, começou, no início do ano, a apresentar as provas perante um grande júri que investigava um pagamento de 130 mil dólares (121 mil euros) que Michael Cohen, ex-advogado pessoal de Trump, fez a Stormy Daniels nos últimos dias da campanha presidencial de 2016.
Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, alega que teve um caso com Trump uma década antes, que o ex-Presidente sempre negou que tenha acontecido.
No início deste mês, o gabinete de Bragg convidou Trump para testemunhar perante o grande júri que investiga os pagamentos a Daniels, de acordo com a advogada de Trump, Susan Necheles. Especialistas jurídicos consideraram o pedido como um sinal de que uma acusação podia estar próxima.
Cohen declarou-se culpado em 2018 de violações de financiamento de campanha federal vinculadas aos seus pagamentos a Daniels e a outra mulher, entre outros crimes. O advogado disse que Trump o instruiu a fazer os pagamentos. O procurador distrital de Manhattan não acusou na altura Trump de qualquer crime.
Cohen testemunhou perante o grande júri na segunda-feira e novamente na quarta-feira, de acordo com seu advogado, Lanny Davis. As audiências do grande júri não são públicas.
A investigação é um dos vários problemas legais que Donald Trump enfrenta numa altura em que está em campanha para garantir a nomeação como candidato do Partido Republicano à eleição presidencial de 2024.
O ex-Presidente está a ser também alvo de uma investigação criminal na Georgia sobre os seus esforços para anular naquele estado os resultados das presidenciais de 2020, que perdeu para o candidato democrata, Joe Biden.
Um revisor independente nomeado pelo procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, está actualmente a investigar a forma como Trump lidou com documentos confidenciais da sua Administração depois de deixar o cargo, bem como os seus esforços para anular os resultados da eleição de 2020.
No ano passado, o gabinete de Bragg conseguiu a condenação da Organização Trump por acusações de fraude fiscal. Mas o procurador recusou acusar o próprio Trump de crimes financeiros relacionados com as suas práticas comerciais, levando dois procuradores que trabalharam na investigação a demitirem-se.
Donald Trump lidera para já a corrida à nomeação do seu partido para as presidenciais do próximo ano, reunindo 43% do apoio dos eleitores republicanos numa sondagem Reuters/Ipsos de Fevereiro, em comparação com 31% de seu rival mais próximo, o governador da Flórida, Ron DeSantis, que ainda não anunciou sua candidatura.