Novos Encontros no Porto vão analisar “estado de espírito” do cinema português

Um olhar para o passado, a Semana de Estudos sobre o Novo Cinema Português, de 1967, mas a apontar para o futuro de um sector “em crescimento”, como salientou Guilherme Blanc, director do Batalha.

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Dia da inauguração do agora rebaptizado Batalha Centro de Cinema Anna Costa

O Batalha Centro de Cinema, no Porto, recebe em Junho os Novos Encontros do Cinema Português, um fórum de discussão para analisar o "estado de espírito" do cinema português, nomeadamente os desafios actuais, avançou esta terça-feira o director artístico da instituição, Guilherme Blanc, em conferência de imprensa. "É um momento de indagação, estudo e auscultação à indústria do cinema", acrescentou.

O objectivo destes Novos Encontros, que pretendem fazer uma "revisitação histórica" à Semana de Estudos sobre o Novo Cinema Português que ocorreu em 1967, é fazer uma análise global ao "estado de espírito" do cinema, nomeadamente às oportunidades, desafios, responsabilidades e complexidades com as quais os produtores, cineastas, distribuidores, educadores e críticos do cinema se confrontam no dia-a-dia.

O sector está em crescimento, mas deseja-se "melhor e mais robustecido", vincou Blanc.

Neste evento serão trazidos para o centro do debate quatro temas, liderados por subcomissários responsáveis pela coordenação de uma investigação e auscultação do meio: produção (Mariana Liz), distribuição e exibição (Paulo Cunha), crítica (José Bértolo) e educação (Carlos Natálio).

Guilherme Blanc adiantou que estes subcomissários vão analisar de forma independente o estado do cinema português em cada uma destas áreas, tendo nesta investigação a assessoria de investigadores e associações.

Este trabalho será realizado com recurso a entrevistas e a um questionário público dirigido aos profissionais do sector - lançado a 20 de Março e disponível para preenchimento online até 20 de Abril - que vai contribuir para a investigação e conclusões apresentadas no evento, frisou.

Durante os Novos Encontros, cada tema será discutido num debate com três convidados seleccionados pelos subcomissários, apontando propostas para o futuro do sector.

O director do agora denominado Batalha Centro de Cinema revelou que deste fórum vai resultar um documento público que irá traduzir as reflexões e conclusões retiradas ao longo do processo de investigação, preparação e realização da iniciativa.

O programa detalhado do evento, aberto ao público e com entrada gratuita, será anunciado em Maio.

Por sua vez, a presidente do Cineclube do Porto, Ana Carneiro, realçou que, de 1967 para cá, os problemas na indústria cinematográfica são "profundamente diferentes". O sector está muito profissionalizado, expandiu-se e, portanto, as problemáticas também são diferentes, salientou. "Questões como a inclusividade, a representatividade, a ecologia, condições dignas de trabalho, a distribuição das obras e os problemas de financiamento não eram em 1967 as preocupações principais e, muitas delas, nem sequer foram afloradas".

Já o director do Programa Gulbenkian Cultura da Fundação Calouste Gulbenkian, Miguel Magalhães, espera que os Novos Encontros discutam os caminhos e os desafios que se colocam a todos os actores que, neste momento, acompanham o cinema português.

Os Novos Encontros do Cinema Português vão acontecer com organização das três entidades, que criam um paralelismo com o momento de há 56 anos.

"Em 1967, decorreu no Batalha a Semana de Estudos sobre o Novo Cinema Português. Organizado pelo Cineclube do Porto com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da Câmara Municipal do Porto, este evento foi fulcral para a definição do que viriam a ser as políticas de financiamento da produção cinematográfica em Portugal. A discussão reuniu intervenientes de vários pontos do país, desde jovens realizadores a realizadores consagrados, cineclubistas, escritores, jornalistas, e várias personalidades da cultura em Portugal", recordou o Batalha, em comunicado.