Grupo Wagner faz “pausa táctica” em Bakhmut, após queixas sobre falta de munições

Mercenários aguardam tropas e reabastecimentos após semanas de combate feroz. Yevgeny Prigozhin inaugura centros de recrutamento em 42 cidades russas.

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Operações em Bakhmut são lideradas pelo grupo Wagner EPA/RUSSIAN DEFENCE MINISTRY PRESS SERVICE/HANDOUT HANDOUT

Para Yevgeny Prigozhin, responsável máximo do grupo Wagner, as “pinças estão a fechar-se” sobre Bakhmut. Nos últimos dias, as forças russas conquistaram terreno na cidade da região de Donetsk, apesar da forte resistência ucraniana e de uma alegada falta de recursos denunciadas pelo “número um” do grupo paramilitar. Analistas norte-americanos dizem que os mercenários estão agora a fazer uma “pausa táctica”, enquanto aguardam pela chegada de reforços e abastecimentos após semanas de combates intensos.

"O grupo Wagner está, nos últimos dias, sem actividade especialmente activa. Tendo ocupado o leste de Bakhmut, entidades como o Institute for the Study of War têm questionado a capacidade de o grupo Wagner conseguir uma ofensiva significativa sobre a cidade. Argumentam que o enorme emprego de forças e meios que o Wagner tem desenvolvido ao longo dos últimos nove meses desgastou-os de tal forma que, neste momento, o grupo não consegue atravessar o rio Bakhmutka e chegar ao centro da cidade", diz Pedro Sousa, professor de Relações Internacionais da Universidade Portucalense e investigador no Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-Nova).

Enquanto o Kremlin considera a conquista de Bakhmut um passo importante na tentativa de cercar a região do Donbass e um objectivo fundamental na “operação militar especial”, os países ocidentais dizem que a Rússia está disposta a sacrificar vidas para dar a Putin a sua primeira vitória desde a mobilização massiva de reservistas em Dezembro do ano passado.

Yevgeny Prigozhin, responsável pelo grupo Wagner, lidera as tropas em batalha nesta cidade, tendo avançado na quarta-feira que as suas forças controlavam toda a zona oriental da cidade.

Citados pela Al Jazeera, responsáveis da Casa Branca apontam a morte de 30 mil soldados deste grupo paramilitar desde o início do conflito. Esta sexta-feira, Yevgeny Prigozhin anunciou a abertura de centros de recrutamento em 42 cidades russas.

Na rede de mensagens Telegram, Prigozhin deixou críticas ao Ministério da Defesa russo, queixando-se de não ter munições suficientes para prosseguir a ofensiva e conquistar o que falta da cidade. O “número um” do grupo Wagner confirmou ainda ter endereçado uma carta ao comandante da campanha militar russa na Ucrânia, o comandante das Forças Armadas Valery Gerasimov, sobre esta alegada carência de recursos.

"Não temos dados para dizer se essa situação é definitiva ou apenas temporária, ou se essa falta de recursos se confirma, ou se é uma forma de Prigozhin pressionar o governo russo para a disponibilização de mais meios, ou até como pressão política. Mas a falta de munições a que Prigozhin se refere não é inédita, a Ucrânia está a passar pelo mesmo problema, e é provável que esta dificuldade de escalar a produção de munições também se verifique na Rússia", refere Pedro Sousa.

Esta sexta-feira, durante a inauguração de centros de recrutamento, Prigozhin voltou a carregar sobre o Ministério da Defesa russo. "Apesar dos obstáculos que colocam a cada curva do nosso caminho, vamos ultrapassar isto juntos", afirmou, citado pelo The Moscow Times.

A sobreposição do grupo Wagner ao exército e alguns êxitos obtidos nos últimos meses causaram mal-estar nas Forças Armadas russas. As acusações de sabotagem feitas pelo fundador do movimento paramilitar só vieram agravar as tensões com o Ministério da Defesa.

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