Uma viagem pelos povos e pela música da nossa península no Festival Canções Ibéricas
Entre este sábado e domingo, na Gulbenkian, em Lisboa, encontram-se Portugal, Catalunha, País Basco e Galiza, a sua música popular e erudita apresentada em recitais para piano e voz.
O formato será sempre o mesmo. Em palco estará um pianista e uma soprano ou um barítono, num espectáculo com uma hora de duração. Essa, porém, será a única unidade este sábado e domingo no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Em palco, os catalães Àngel Òdena e Miquel Ortega, os galegos Borja Quiza e Fernando Briones, os bascos Miren Urbieta-Vega e Rubén Fernández Aguirre e a portuguesa Ana Quintans e o português Filipe Raposo. Em conjunto, irão levar-nos a viajar pela música, erudita e popular, dos povos da península que habitam. Acontecimento inédito: apresente-se o Festival Canções Ibéricas.
Organizado pela Gulbenkian Música em parceria com a Fundación Juan March, o festival pretende mostrar a diversidade do património musical da Península Ibérica, levando-nos a atravessar a sua história, desvelando o temperamento e tradições dos seus habitantes através de um repertório em que cancioneiro popular e criação erudita se conjugam e contaminam.
O ciclo arranca este sábado, às 16h (bilhetes a 15€, preço de todos os concertos), com as Canções Catalãs interpretadas pelo barítono Àngel Ódena e pelo pianista Miquel Ortega, o primeiro com uma carreira que atravessa um vasto repertório operático (Aida, Tosca, Madamma Butterfly, La Traviata) e zarzuelas como La Tabernera del Puerto ou El Caserío (em 2012 foi distinguido como melhor intérprete de zarzuela nos Prémios Líricos Campoamor, em Oviedo); o segundo, músico com percurso distinto, além de instrumentista, enquanto maestro e compositor (é autor da ópera La Casa de Bernarda Alba, estreada em 2007).
O repertório do concerto atravessará a Renaixensa do século XIX e o Noucentisme que se lhe sucedeu, através dos compositores Enric Morera, Eduard Toldrà e Federico Monpou e dos textos dos poetas Josep Maria de Sagarra, Tomàs Garcés e Josep Janés, desaguando nas expressões contemporâneas da canção catalã através de obras do próprio Miquel Ortega e de Albert Guinovart.
O primeiro dia do ciclo terminará com as Canções Portuguesas levadas a palco pela soprano Ana Quintans, uma das mais celebradas vozes do nosso canto lírico, e pelo pianista Filipe Raposo, dono de uma multifacetada carreira que atravessa o jazz, a erudita, a música pop e popular ou a composição para cinema.
O concerto arranca com uma releitura de alguns temas do cancioneiro popular português, com arranjos do pianista, e contempla depois um repertório que avança de Vianna da Motta ou Luís de Freitas Branco a Fernando Lopes-Graça, Joly Braga Santos, Carlos Paredes ou Eurico Carrapatoso.
Domingo será tempo de viajar pelo País Basco e pela Galiza. Primeiro, às 16h, a soprano Miren Urbieta-Veja e o pianista Rubén Fernández-Aguirre. Ela, distinguida nos Prémios Líricos Teatro Campoamor de 2015 ou, três anos antes, no Concurso Internacional de Canto de Bilbau, e o pianista que se especializou no acompanhamento de cantores, em Viena e Munique, sob orientação de Wolfram Rieger, irão entregar-se ao lirismo popular da música cantada em euskera. O alinhamento inclui tanto um autor oitocentista como José María Iparaguirre e um nome de destaque no século XX, Pablo Sorozábal, como autores do presente.
Às 18h, a viagem destas Canções Ibéricas termina na Galiza a que seremos conduzidos pelo barítono Borja Quiza e pelo pianista Fernando Briones. Quiza, considerado Melhor Cantor Lírico Jovem nos Prémios Opera Actual de 2009 e distinguido no ano seguinte como Melhor Cantor de Zarzuela nos Prémios Teatro Campoamor, e Briones, maestro titular da Orquestra e Coro Gaos, que agrupa jovens músicos dos conservatórios da Galiza, irão interpretar um concerto que terá por base o trabalho do musicólogo Antonio Fernández-Cid (1916-1995), impulsionador de duas importantes antologias, publicadas nos anos 1950, compostas por peças criadas por compositores contemporâneos sobre poesia galega. Entre eles, encontram-se nomes como Antón García Abril, Xavier Montsalvatge ou Xosé Castro “Chané”.