Alterações climáticas
No Árctico, o gelo continua a derreter e a deixar sem chão os ursos polares
O fotógrafo russo Dmitry Kokh voltou a apontar a lente aos ursos polares, desta vez no Árctico, para chamar a atenção para o degelo que ameaça a mais branca espécie de urso. "Dois mundos, o humano e o natural, continuam a afastar-se", refere.
"O progresso é implacável", observa o fotógrafo russo Dmitry Kokh, que fotografou ursos polares sobre gelo fino do Árctico, mais especificamente no arquipélago russo Franz Josef, em Agosto de 2022. Não é a primeira vez que estes grandes mamíferos são protagonistas de projectos seus — em 2021, Kokh surpreendeu um grupo de ursos polares numa estação meteorológica russa e as fotografias rodaram o mundo. "À medida que subimos degraus no uso da tecnologia, vamos derretendo o gelo, devastando as florestas, poluindo os oceanos. No processo, dois mundos — o humano e o natural — continuam a afastar-se."
O aquecimento global continua a ameaçar a sobrevivência dos ursos polares e isso preocupa o fotógrafo russo. "O mundo tal como o conhecemos é muito frágil e o actual estado de coisas — conflitos políticos, tensão nuclear e a crise climática — faz prever um fim abrupto", observa. "Estes problemas são reais e, se tudo seguir o seu curso, o resultado poderá ser catastrófico."
No gelo do Árctico, Dmitry fotografou ursos polares na companhia das suas crias. Foi uma experiência emocionante, recorda. "Às vezes, ficava tão entusiasmado que simplesmente disparava 20 frames por segundo." Nas fotografias que partilha com o P3, o fotógrafo considera que tudo se conjugou para o registo da "magia da natureza": "a disposição dos animais, a luz, as nuvens, a composição".
"Ursos polares e seres humanos existem em dois mundos diferentes", divaga o fotógrafo russo Dmirty Kokh, na sinopse do projecto Polar Bears and the Icebreaker. "Nós acordamos com o despertador do nosso smartphone, vamos para o escritório para podermos almoçar, ir para o ginásio e, finalmente, para o bar esquecer o dia no fundo de um copo", discorre. "Os ursos apenas vivem — e para viverem não precisam de ter uma mala da Gucci ou de ter uma conta no TikTok." "O mundo é um lar dividido", conclui.