Khamenei fala sobre envenenamento de alunas no Irão: um “crime imperdoável”
Centenas de casos desde Novembro levam o líder supremo do país a prometer castigar os responsáveis.
O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, pronunciou-se sobre o envenenamento de alunas em várias escolas do país desde Novembro, que o regime já tinha admitido que estava a acontecer. “As autoridades devem seguir com seriedade a questão do envenenamento das alunas”, disse o ayatollah, citado pelos media estatais. “Este é um crime imperdoável. Os seus autores devem ser punidos com severidade.”
Cerca de cem alunas iranianas, de diferentes estabelecimentos de ensino, sofreram “casos ligeiros” de intoxicação, com sintomas como náuseas, tonturas, taquicardia, letargia e dificuldades respiratórias. Responsáveis do regime só nas últimas semanas reconheceram o que estava a acontecer e não deram qualquer indicação do que achavam que estava a acontecer – de quem seriam os responsáveis ou que produtos químicos teriam sido usados.
Alguns políticos sugeriram, entretanto, que esta podia ser uma acção de grupos religiosos que se opõem a que as raparigas estudem.
O primeiro destes casos foi registado em Novembro, na cidade santa de Qom, no Centro do país, e desde então houve casos em mais de 50 escolas, em 25 das 31 províncias do Irão, levando alguns pais a retirar as suas filhas da escola e a protestar contra o regime. Houve um ataque do género também numa escola de rapazes, diz o diário britânico The Guardian.
Esta segunda-feira, os media iranianos informaram que as autoridades detiveram Ali Pourtabatabaei, um jornalista de Qom que tinha reportado regularmente sobre os casos suspeitos.
O ministro do Interior, Ahmad Vahidi, disse, durante o fim-de-semana, que tinham sido recolhidas “amostras suspeitas” no âmbito de uma investigação. Vahidi não acusou ninguém em particular, apontando o dedo apenas a “inimigos” com o objectivo de desestabilizar o país.
O regime está a ser alvo de protestos desde Setembro, quando a morte de Mahsa Amini, jovem de 22 anos, na sequência da sua detenção pela “polícia da moralidade” por não estar a usar correctamente o hijab (lenço islâmico), levou a uma contestação inédita e reprimida com brutalidade, com violência contra quem se manifesta e várias condenações à morte, e execuções, de participantes nos protestos.