A data redonda é só em Maio, mas ontem mesmo foi entregue ao professor Valentín Cabero Diéguez o Prémio Eduardo Lourenço. O ensaísta completaria cem anos a 23 de Maio e este foi o duplo mote para nos fazermos à estrada no encalço da sua geografia inicial.
"Onde o ‘pequeno reino lusitano’ se encontra com a ‘imensa Espanha’, estava tudo o que importava a Eduardo Lourenço. E aí voltou, depois da peregrinação que foi a sua vida", escreve a Andreia Marques Pereira, que, na companhia da Ana Marques Maia, foi de São Pedro de Rio Seco, onde Eduardo Lourenço nasceu, à Guarda, de Vilar Formoso a Almeida, seguir os primeiros passos do ensaísta.
Nesta viagem pela raia encontraram quem leia Eduardo Lourenço, como João Sanches, e quem simplesmente o conheça como "o doutor", como Purificação Baptista Limão. E descobriram cidades de pedra e de horizontes largos e a pequena São Pedro de Rio Seco, onde hoje vivem 120 pessoas, muitas delas com mais de 65 anos. Num memorial na aldeia, lêem-se estas palavras do seu filho mais célebre: "Eu só tenho um espaço particular, reservado, que é o da minha aldeia. Da minha aldeia e desses dez anos que aí vivi e foram diferentes de tudo o resto que me aconteceu. Estava no mundo ou o mundo estava em mim. Depois, nunca mais soube, realmente, onde estou e nunca o saberei."
A Andreia remata: "Eduardo Lourenço saiu deste ‘piccolo mondo antico’, e aqui regressou - repousa com a mulher, os pais e outra família a poucos quilómetros da fronteira. A ‘sua’ fronteira - aquela que, ‘no fundo, não desejaria abolir’.
Bom fim-de-semana e boas fugas!