Sporting vence em Portimão sem saber muito bem o que lhe aconteceu

Os “leões” fizeram uma “viagem de autocarro” frente ao Portimonense, um adversário profundamente defensivo. Mas o bom desempenho num jogo algo bizarro, com muito desperdício, acabou por ser premiado.

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Portimonense e Sporting em duelo LUSA/LUÍS FORRA

Quando saíram do autocarro após a viagem Lisboa-Portimão, os jogadores do Sporting ainda não sabiam que teriam outra viagem para fazer num pesado de passageiros. No duelo com o Portimonense, para a I Liga, os “leões” souberam andar de autocarro e levam do Algarve um triunfo por 1-0. Mas o Sporting vai para casa sem saber muito bem o que se passou na noite deste sábado, porque sofreu bastante numa partida que poderia ter ganho por dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito ou até mais do que isso.

A equipa de Paulo Sérgio pouco atacou e defendeu com uma linha defensiva baixa e densa, o famoso autocarro, no jargão do “futebolês”, e o Sporting, que até encontrou espaços para finalizar – o Portimonense defendeu muito, mas não defendeu bem – esteve 77 minutos numa aventura bizarra.

Deu-se um “festival” tremendo de desperdício, talvez dos maiores desta temporada de futebol, e este chegou a parecer um jogo condenado ao empate, apesar do jogo bastante bom da equipa lisboeta.

Até que Pedro Gonçalves, até então profundamente infeliz a finalizar jogadas, mudou de pelouro e ajudou Paulinho a ser decisivo. Mas fica para registo uma noite de grande suplício "leonino", quando não seria suposto ser assim.

Muito desperdício

Com o corpo no Algarve, mas a cabeça em Lisboa (há duelo com o Arsenal na Liga Europa), Rúben Amorim desenhou um Sporting com cinco alterações nos habituais titulares e até mesmo Bellerín e Trincão, motivados pelos golos no último jogo, ficaram no banco.

Já o Portimonense começou por levar a este jogo um 5x2x3 simétrico ao 3x4x3 do Sporting, dando aos jogadores referências individuais facilmente identificáveis. Mas o plano mudou rapidamente.

Por opção ou por ter sido forçado a isso, o Portimonense apostou numa linha de seis a partir dos 15/20 minutos, com um losango à frente dessa linha. Era, em suma, um “autocarro” daqueles bem compridos.

Mas a viatura tinha portas abertas. A coordenação do sector defensivo foi sofrível e houve muito espaço entre o lateral e o central mais aberto – espaço que os jogadores do Sporting exploraram até à exaustão, sobretudo Nuno Santos, Edwards e Pote.

E faziam-no com o engodo criado por Esgaio, à direita, e Pote, à esquerda, que pediam a bola por dentro e arrastavam um dos defensores em apoios frontais, para deixarem esse adversário longe do espaço que depois seria explorado.

Diomande destacava-se pela capacidade de alimentar esses movimentos “leoninos” com bons passes verticais – uns pelo chão, outros pelo ar. E o espaço foi aparecendo, mesmo contra uma defesa muito densa.

O Sporting desperdiçou oportunidades flagrantes aos 17’ (Pedro Gonçalves para defesa de Kosuke e Pedrão, na recarga, cortou um remate de Morita em cima da linha), 28’ (Pote falhou um “penálti em andamento”), 32’ (Edwards não finalizou bem ao segundo poste) e 40’ (penálti que Pote enviou para a bancada).

Eram dez remates, seis deles perigosos e, desses seis, quatro como ocasiões flagrantes de golo. Do Portimonense não se viu nada além de um remate para fora num livre. Foi só isso.

Pote mudou de labor

Logo após o intervalo houve uma bola à trave da baliza algarvia (seria autogolo de Park) e grande defesa de Kosuke a remate de Pote.

O Portimonense continuava a defender de forma estranhamente fraca – quer por habitualmente sofrer poucos golos, quer pelo próprio número de defensores que levou a este jogo, provando que a densidade defensiva nem sempre faz as equipas defenderem melhor.

Aos 60’, numa fase em que o Sporting parecia estar a perder algum gás na criação de jogo, Amorim lançou Matheus Reis, colocando mais um central capaz de criar com bola e verticalizar o jogo em posse e em passe – sobretudo comparado com Coates, o jogador que saiu.

O Sporting voltou a estar perto do golo aos 62’, numa bola de Esgaio defendida por Kosuke – uma vez mais, pelo tal espaço mal defendido entre o central e o lateral – e aos 64’, com nova bola aos ferros. Nesse segundo lance, Pote falhou em boa posição, depois de Matheus Reis ter feito um movimento interessante de trás para a frente – os tais que Coates terá sempre mais dificuldade em fazer, dando nexo à alteração de Amorim.

Mas a noite de Pote ainda não tinha acabado. Aos 72’, isolado, voltou a não ser feliz. Nessa medida, mudou de labor. Desistiu e dedicou-se a uma actividade diferente, quando aos 77’, uma dezena de oportunidades depois, permitiu que o suplício do Sporting terminasse.

Paulinho, acabado de entrar, respondeu de primeira a uma bola de Pote em profundidade e o médio deu razão a Amorim quando o técnico argumenta que, por vezes, a qualidade do jogador na criação de jogo é tão ou mais útil do que na finalização.

Nos minutos finais, o Sporting demonstrou alguma incapacidade de controlar o jogo com bola e teve de sobreviver duas vezes com ajuda de Adán.

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