Chega ameaça com “violência verbal” no Parlamento se Lula discursar no 25 de Abril

André Ventura, líder do Chega, anunciou ainda que organizará uma grande manifestação contra a vinda de Lula da Silva a Portugal. Não falou com Bolsonaro, mas contactou igrejas evangélicas.

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André Ventura está a preparar uma grande manifestação contra a vinda do Presidente brasileiro a Portugal LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O presidente do Chega, André Ventura, afirmou que o seu partido reagirá de forma “frontal” e “violenta do ponto de vista verbal” caso Lula da Silva, Presidente do Brasil, discurse no Parlamento português nas cerimónias oficiais do 25 de Abril. Anunciou ainda que, ao contrário da IL, não abandonará o hemiciclo no caso de o discurso se confirmar.

O Chega agendou uma conferência de imprensa para anunciar a “maior acção de repúdio alguma vez vista em Portugal à visita de um chefe de Estado estrangeiro”, referindo-se a uma manifestação que organizará contra o eventual discurso de Lula da Silva no Parlamento no âmbito das cerimónias oficiais do 25 de Abril. Mas foi mais longe na ameaça: “Se acontecer [o discurso de Lula] certamente haverá uma dialéctica e um confronto fortes entre o Chega e o Presidente brasileiro. Não sei o que faremos: sei que a reacção será firme, frontal" e “violenta do ponto de vista verbal”.

Esta postura radical dentro do Parlamento, esclarece Ventura, acontecerá apenas caso Lula discurse nas comemorações da revolução: “Se for alterado o dia [do discurso de Lula] para uma sessão solene fora do [contexto do] 25 de Abril, o Chega manterá o seu protesto na rua — democrático —, mas dentro do Parlamento a reacção será serena e amigável.”

Ventura contactou igrejas evangélicas

O presidente do Chega rejeitou ainda a possibilidade de o seu grupo parlamentar abandonar o hemiciclo durante o eventual discurso do Presidente do Brasil, tal como a IL anunciou que fará (e que Ventura sugeriu ser uma fuga). “Nos não fugiremos. Os partidos com representação parlamentar devem estar lá. Não sairemos para deixar Lula entrar: isso é o pior serviço que faremos à democracia”, disse Ventura, reforçando que o seu partido estará presente numa lógica de “confronto”.

Quanto ao mote da comunicação — “a maior acção de repúdio alguma vez vista em Portugal à visita de um chefe de Estado estrangeiro” —, Ventura disse que o Chega tem feito contactos com “associações de imigrantes”, “empresários”, “igrejas evangélicas” e “aliados e parceiros no Brasil” no sentido de os “mobilizar” para esta manifestação. Negou ainda ter contactado Jair Bolsonaro, antigo Presidente do Brasil, sobre este assunto.

Na passada semana, o ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou que Lula discursaria no Parlamento português no âmbito das cerimónias oficiais do 25 de Abril. Pouco depois, Santos Silva, presidente da Assembleia da República, lembrou que é ele quem toma essas decisões (após “ouvida a conferência de líderes”). BE e PCP vêem eventual discurso de Lula com bons olhos, PSD e IL não.

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