Valença aguarda há dois meses indicações da tutela para reconstruir fortaleza
Direcção Regional de Cultura do Norte ainda não decidiu o que fazer, diz autarca. Muralha desmoronou-se no temporal de 1 de Janeiro.
A Câmara de Valença aguarda há quase dois meses por indicações da tutela para proceder à reconstrução da fortaleza que desmoronou na sequência do temporal do dia 1 de Janeiro, disse o presidente da autarquia esta terça-feira.
Em declarações à agência Lusa, José Manuel Carpinteira adiantou que o monumento, classificado como Património Nacional desde 1928, está sob a tutela do Ministério das Finanças, mas cabe à Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) acompanhar o município na reabilitação do pano de muralha que ruiu, na zona da Coroada.
"O assunto está, neste momento, com a DRCN. Solicitámos que nos dessem indicações sobre qual o procedimento mais adequado para a reconstrução da fortaleza. Já reunimos duas ou três vezes para esse efeito. Estamos à espera de que a tutela nos indique qual a melhor forma", afirmou.
Segundo o autarca socialista, a forma mais "fácil" de avançar com os trabalhos passa pela transferência para a Câmara de Valença da responsabilidade de reconstrução do monumento nacional, através de um protocolo a estabelecer com a DRCN.
"Passada a responsabilidade da obra para a Câmara, é preciso garantir financiamento. Mas há ainda a questão técnica que se prende com a forma como se vai fazer esse procedimento. Se abrimos um concurso público para a execução do projecto e a reconstrução ou se avançamos com [o concurso público para] o projecto e, mais tarde, abrimos concurso público para a reconstrução. Já devíamos ter respostas para isto, mas não temos. Espero no decorrer desta semana ter respostas sobre estes pontos", especificou.
A fortaleza encontra-se em processo de classificação como Património da Humanidade, pela UNESCO. A candidatura conjunta com as fortalezas abaluartadas de Almeida e Marvão foi apresentada, em Dezembro de 2022, à Comissão Nacional da UNESCO.
O autarca explicou também que, após a derrocada causada pelo temporal de 1 de Janeiro, chegou a estar prevista a consolidação dos solos do pano de muralha que desabou, solução que foi afastada por um especialista da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, consultado pelo município.
Uns dias após a derrocada, o autarca estimou que a recuperação da muralha custaria cerca de dois milhões de euros, valor que será integralmente assegurado pela tutela.
Na zona norte da muralha de Valença, onde está localizada a Pousada de São Teotónio, estão identificadas mais fissuras, "que são acompanhadas há vários anos". No entanto, após a derrocada de Janeiro e "por sugestão dos técnicos DRCN, foi restringido o acesso aos túneis dos patamares inferiores dos baluartes do Socorro e do Carmo", junto à aquela unidade hoteleira, medida que ainda se mantém.
A fortaleza do século XVII, principal ex-líbris da cidade de Valença, no distrito de Viana do Castelo, é anualmente visitada por mais de dois milhões de pessoas.
O monumento nacional assume particular importância pela dimensão, com uma extensão de muralha de 5,5 quilómetros, e pela história, tendo sido, ao longo dos seus cerca de 700 anos, a terceira mais importante de Portugal.