“Vandoma do século XXI” passa para feiródromo de Campanhã em Abril de 2024

Equipamento municipal que ficará junto à Estação de Metro Nasoni, em Campanhã, vai custar 550 mil euros e poderá ser usado “todos os dias do ano”. E o espírito da feira da Vandoma, irá resistir?

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Pré-projecto para novo equipamento municipal está quase concluído DR

Está desvendada a localização do prometido feiródromo de Campanhã: o equipamento vai ficar junto à Estação de Metro Nasoni, da linha que liga a Senhora da Hora (Matosinhos) a Fânzeres (Gondomar), e deverá estar pronto em Abril de 2024. O executivo de Rui Moreira apresentou o pré-projecto na reunião privada deste segunda-feira, onde anunciou a subida do investimento: em vez dos 300 mil euros inscritos no orçamento, vai gastar 550 mil euros.

A subida de preço tem a ver, sobretudo, com a alteração do “conceito” pensado pela Câmara do Porto para este recinto de feiras. O “equipamento municipal”, explicou aos jornalistas o vereador Ricardo Valente, terá uma estrutura “polivalente, com capacidade para 152 feirantes” - e não se confundirá com a feira de Vandoma.

Se é verdade que a “grande feira da cidade” é a estrela anunciada, e os comerciantes resistentes da extinta feira do Cerco também têm lugar garantido, também é certo que o recinto quer ser mais do que isso: “Pode ser usado pela cidade todos os dias do ano”, apontou.

O espaço vai ter lugares de venda com três por dois metros e “coberturas ligeiras”, além de um café e casas de banho (dando resposta a uma “queixa frequente” de quem visita estes mercados) e um espaço de “tratamento de resíduos” contíguo à feira.

Espaço pode receber 152 comerciantes DR
Feiródromo vai custar 550 mil euros à Câmara do Porto DR
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Espaço pode receber 152 comerciantes DR

“Demos um passo importante para transformar Campanhã num espaço moderno do ponto de vista daquilo que são feiras e mercados. Era a única freguesia da cidade que tinha feiras não trabalhadas do ponto de vista da qualificação”, declarou o vereador com o pelouro das Finanças, Actividades Económicas e Fiscalização.

O pré-projecto do feiródromo está “bastante avançado” e a autarquia acredita que o concurso de obra seja lançado até ao fim do primeiro trimestre deste ano. As obras, com duração prevista de quatro meses, podem arrancar no fim do ano: “Em Abril de 2024 deve estar a funcionar”, prevê.

Ricardo Valente admite que o projecto foi burilado sem a colaboração dos comerciantes. Fazê-lo não faria sentido, argumentou, dizendo que “as feiras e mercados municipais não têm lugares perpétuos”. Os actuais regulamentos permitem licenças de três a cinco anos e por isso não haveria interlocutor possível: “Falamos com actuais ou futuros?”, retorquiu quando questionado pelo PÚBLICO.

A mudança da feira de Vandoma das Fontainhas para a Avenida de 25 de Abril, no início de 2016, não foi pacífica. A oposição opôs-se, os comerciantes manifestaram-se em frente à autarquia. Mas Rui Moreira manteve a sua posição. E Ricardo Valente diz ter sido uma aposta bem-sucedida. Hoje, opina, tem “muita mais gente” e uma “dinâmica enorme”. Mas sem as “externalidades negativas” de então: “a forma como afectava os residentes daquela zona, que a partir das quatro da manhã tinham um barulho imenso para a montagem da feira. Hoje não têm.”

A nova mudança será, também para melhor, alega agora o município. “Não perdendo o espírito de Vandoma, transformá-la numa feira do século XXI. Não podemos continuar a ter a Vandoma do passado.”

Prazos derraparam

Se os prazos antes anunciados pela Câmara do Porto tivessem sido cumpridos, o feiródromo estaria em funcionamento desde o início deste ano. E essa derrapagem não deixou de ser notada pelos vereadores da CDU e BE, que no final da reunião privada do executivo falaram com os jornalistas.

Mas outras notas havia para fazer. A comunista Ilda Figueiredo mostrou-se satisfeita com a localização e sublinhou a ajuda que a estrutura poderá dar na “revitalização” de Campanhã, mas prometeu ficar alerta sobre a forma como a feira funcionará “na prática”; Sérgio Aires, do BE, manifestou receio quanto àquilo que será a regulamentação do espaço. “[Vandoma] é uma feira com um grau de informalidade que não é compatível com regulamentos para um mercado qualquer que funcione de forma mais estandardizada.”

O bloquista levantou a questão durante a reunião do executivo e soube que os comerciantes serão obrigados a afixar preços, nem que seja um valor máximo que possa, depois, ser negociado. “Se obrigarmos os comerciantes a ter preço em todos os produtos seguramente estamos a fazer algo que não acontece em mais nenhum sítio da Europa. Uma coisa é ter ordem e regras, outra é matar o espírito da feira.”

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