BCE espera que bancos aumentem juros dos depósitos

Em entrevista aos The Economic Times, Christine Lagarde indicou que o BCE vai continuar a subir o preço do dinheiro para conter a inflação em conformidade com o objetivo a médio prazo de 2%.

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Presidente do BCE, Christine Lagarde, não de desvia do objectivo de trazer a inflação para os 2% Reuters/KAI PFAFFENBACH

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou numa entrevista divulgada esta segunda-feira que espera que os bancos reflictam na remuneração dos depósitos dos seus clientes os aumentos das taxas de juro feitas pela instituição.

Na entrevista ao The Economic Times, Lagarde indicou que o BCE vai continuar a subir o preço do dinheiro para conter a inflação em conformidade com o objectivo a médio prazo de 2%.

"Queremos que as nossas subidas de taxas de juro sejam transmitidas ao sector financeiro, incluindo os bancos. A minha esperança é, porque queremos que a transmissão monetária seja canalizada através da economia, que os bancos também reflictam essas subidas das taxas de juro na sua remuneração de depósitos", salientou Lagarde.

A mensagem da presidente do BCE vai para os grandes bancos da zona euro, que estão a reflectir nos empréstimos taxas de juro elevadas, mas a actualizar a remuneração dos depósitos de forma muito mais lenta. Os últimos dados sobre a taxa médias dos depósitos, referente a Dezembro, colocava Portugal no fim da lista.

Muito recentemente, alguns dos maiores bancos a operar em Portugal começaram a subir as taxas de alguns depósitos, mas ainda de forma muito limitada.

Quanto à política monetária do BCE, a francesa recordou que a instituição tem aumentado as taxas desde Julho passado a um ritmo e dimensão sem precedentes e reiterou que mais aumentos serão efectuados, se necessário, para levar a inflação de volta ao objectivo de 2% em tempo útil.

"Será preciso o que for preciso. O que eu sei é que vamos trazer a inflação de volta aos 2%. E queremos não só trazê-la de volta aos 2%, mas também mantê-la nesse nível de forma sustentável", afirmou, observando que as taxas de juro são o instrumento mais eficiente nas circunstâncias actuais.

Sobre a resposta orçamental, Lagarde insistiu que os governos devem assegurar que as suas medidas de apoio sejam temporárias e direccionar o seu apoio para aqueles que mais precisam dele.

"Temporárias, direccionadas e personalizadas. Estes são os três princípios-chave", resumiu Lagarde.