Marcelo diz que Governo pode ter de ponderar novas ajudas sociais

O Presidente da República admite que pode ser necessário debater ajudas sociais complementares dentro de um mês.

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O Presidente considerou que as manifestações legítimas fazem parte de uma democracia LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou este sábado que se a situação económica der “sinais que não são tão positivos quanto se esperaria” o Governo pode ter de ponderar “ajudas sociais complementares” nos próximos meses.

“Eu acho é que se esta evolução lá fora for aquela que pode, por ventura, suceder contra as previsões, que eram optimistas, e se persistir aquilo que são estes sinais que não são tão positivos quanto se esperaria, pode obrigar o Governo a ter de proceder a uma reponderação de ajudas sociais complementares, se for necessário dentro de um mês, dois meses, três meses”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, apontando que "o Governo ponderará isto".

O Presidente da República falou à chegada à cerimónia dos 140 anos da sociedade de instrução e beneficência A Voz do Operário, em Lisboa. O chefe de Estado foi questionado pelos jornalistas sobre as manifestações que se têm realizado nas últimas semanas, incluindo as duas que aconteceram esta tarde em Lisboa em defesa de “salários para viver” e melhores condições de trabalho para os professores da escola pública.

“É a insatisfação própria de quem enfrenta uma situação que tem custos”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa, indicando que “em geral, para a sociedade, o grande custo é a inflação, é a subida do custo de vida, a subida dos preços, e ao mesmo tempo não ser acompanhado, obviamente, pelos rendimentos e pelos salários”.

O Presidente da República considerou que as concentrações são normais em democracia, são “manifestações legítimas”, e “haverá outras certamente”, mas recusou que esteja em causa a estabilidade.

No que toca aos professores, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que “aquilo que os portugueses querem é que as negociações tenham sucesso”.

“E continuo a acreditar que terão sucesso", frisou "Eu acho que é possível, é uma questão de bom senso. É tão óbvio que os professores querem, o pessoal não docente quer, os pais querem, os alunos querem, a sociedade portuguesa quer, os portugueses querem, portanto qualquer que seja a fórmula, mais assim ou mais assado, é evidente que terá de haver acordo”, salientou.

O Presidente da República reiterou que espera que o Governo e os sindicatos cheguem a acordo “antes da Páscoa, para que o custo para o ano lectivo não seja muito forte”.

Quanto a notícias que dão conta de que os preços dos alimentos estão a subir mais em Portugal do que na zona euro, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “o problema é que nos outros países estão a voltar a subir, ou pelo menos não há evolução”.

“Na Alemanha os últimos números que foram conhecidos esta semana, quer no crescimento, quer na inflação, não acompanham aquela expectativa optimista que havia. Isso tem custos”, lamentou.

Marcelo partilhou ainda que foi ver a saída das duas manifestações que ocorreram esta tarde em Lisboa. “Era um hábito que eu tinha antes de ser Presidente e mantive enquanto Presidente”, indicou.