São Miguel, a maior ilha do meu coração
“Ainda que a mais de mil quilómetros de casa, numa pequena ilha rodeada pelo Atlântico, sentia-me mais em casa do que nunca”, escreve a leitora Catarina Rebola Gonçalves.
As melhores viagens são aquelas que encarávamos sem grandes expectativas e em que, apesar disso, acabámos por nos divertir muito. Normalmente é assim, embora quanto a uma das viagens que mais me marcaram até tivesse altas expectativas. Porém, tenho a ideia de que não posso esperar muito de um sítio perfeito, tão perfeito que numa foto não pareça real, não revelando a verdadeira harmonia da natureza do local.
Desde o momento em que chegámos, estávamos a viver um conto de fadas. “Parece outro mundo”, digo eu ao Fernando, que sorri e concorda. Tudo ficara de repente verde e sob a chuva, como é costume em São Miguel. O ar está húmido e demoro um pouco a habituar-me. Todos são amáveis e hospitaleiros. Ficámos num hotel, o que pensei que me daria uma ideia de civilização no meio de tanta natureza. Na verdade, o hotel, se assim lhe posso chamar, está rodeado por jardins e campos a perder de vista. Eram casinhas deliciosas de dois pisos, onde moraria nos dois dias seguintes. E havia gatos por todo o lado.
Fomos a quase todas as caldeiras e nascentes quentes, onde a água jorrava, umas vezes límpida e cristalina, outras acastanhada, e nos envolvia, sendo impossível que alguém não estivesse calmo neste ambiente. Fomos a lagoas de águas geladas e límpidas, tendo feito caminhadas inesquecíveis para que pudéssemos nadar nelas, lagoas de olhos verdes e azuis ligadas a histórias de amor. Passámos aqui por inúmeros casais, eu própria me apaixonei pelo ambiente e paisagem. Vimos plantas de todas as cores do arco-íris, com diferentes cheiros e tamanhos, flores delicadas que pareciam purpurinas ou brilhantes espalhados por uma criança numa bonita pintura, frutos com diferentes aspectos, sabores e cheiros, que raramente vejo no continente.
Há vacas em todo o lado e mais algum. Ora se vêem pastos verdejantes a perder de vista, ora se vêem florestas que parecem tropicais e que nos tornam espectadores minúsculos de uma obra grandiosa e perfeita, de que é infelizmente impossível recordar todos os belos pormenores.
Embora em apenas dois dias, visitámos a ilha quase de uma ponta à outra. Ao olhar para aquelas frondosas árvores, senti que eu era mesmo pequena e que a ilha era enorme, muito maior do que na realidade. Pareceu-me até maior que Portugal continental, pois é um lugar com muito mais grandiosidade. E, ainda que a mais de mil quilómetros de casa, numa pequena ilha rodeada pelo Atlântico, sentia-me mais em casa do que nunca.
Catarina Rebola Gonçalves