Ministra da Defesa diz em Kiev que é importante traçar objectivos realistas de apoio

De visita a Kiev, Helena Carreiras deixou críticas à “posição ambígua” da China relativamente à guerra na Ucrânia e rejeitou comentar plano de paz proposto por Pequim por não o conhecer.

Foto
Ministra da Defesa está esta sexta-feira em Kiev LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

A ministra da Defesa, Helena Carreiras, defendeu esta sexta-feira em Kiev que é importante traçar objectivos realistas no que diz respeito ao apoio à Ucrânia, afirmando que, apesar de haver limites, Portugal consegue “ajudar de múltiplas” maneiras.

Mais do que traçar objectivos que não sejam realistas, importa cumprir os compromissos que assumimos. Somos um aliado credível e confiável, e é esse o nosso património, que queremos manter e reforçar, disse Helena Carreiras, depois de uma reunião com o homólogo da Ucrânia, Oleksiï Reznikov, em Kiev.

Esta sexta-feira, no Parlamento, o ministro dos Negócios Estrangeiros, depois de questionado pelo Chega sobre a notícia avançada pelo Jornal de Negócios que dava conta de que Portugal se comprometia com uma garantia de ajuda financeira à Ucrânia de apenas 55 milhões de euros, bem aquém dos 250 milhões de euros anunciados pelo Governo, garantiu que a "palavra dada é para cumprir".

"Em relação aos apoios anunciados, há uma questão muito simples que se pode sublinhar: a palavra dada é para cumprir, a palavra do primeiro-ministro sobre apoio financeiro é palavra que será cumprida na plenitude", disse João Gomes Cravinho.

A ministra da Defesa esteve esta sexta-feira na capital ucraniana em representação do Governo português. Faz precisamente esta sexta-feira um ano que a Federação Russa iniciou a invasão da Ucrânia.

Questionada sobre aquilo que Portugal pode fazer mais para ajudar a Ucrânia, especialmente agora que o homólogo de Helena Carreiras anunciou uma contra-ofensiva para tentar repelir as forças de Moscovo da região de Donetsk, Helena Carreiras respondeu que tudo o que Portugal fez desde 24 de Fevereiro do ano passado foi em articulação com os outros Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), da União Europeia e do grupo de contacto para a Ucrânia.

Há limites, naturalmente, há limites, mas também há possibilidades de ajudar de múltiplas formas, disse a governante, nomeadamente a formação para utilizar os veículos de combate Leopard 2 que Portugal vai enviar para a Ucrânia.

Portugal vai enviar três Leopard 2 no âmbito de um esforço conjunto dos países da NATO para responder a um pedido feito há meses pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Ao início da manhã, a ministra da Defesa Nacional participou na cerimónia organizada pelo Presidente da Ucrânia com diplomatas de vários Estados-membros da União Europeia e outros que apoiam o país.

Helena Carreiras considerou necessário transmitir uma mensagem de que só é possível avançar com canais de diálogo e construir um mundo onde as fronteiras não se definam pela força. A defesa da Ucrânia é também a nossa defesa. A segurança da Ucrânia tem que ver com a segurança da Europa, concluiu.

Carreiras critica posição muito ambígua de Pequim

Helena Carreiras criticou a posição ambígua da China sobre a invasão da Ucrânia pela Federação Russa, mas rejeitou comentar o plano de paz proposto por Pequim por ainda não o conhecer. Interpelada pelos jornalistas sobre o plano de paz apresentado por Pequim para acabar com o conflito iniciado há um ano, a governante recusou fazer comentários por desconhecer em pormenor o que propunha.

A titular da Defesa em Portugal criticou a posição do Governo de Xi Jinping em relação a Vladimir Putin: Diria que a preocupação com a paz é importante, o reafirmar da desadequação de qualquer opção nuclear também. Contudo, a China tem tido uma posição muito ambígua e a posição de neutralidade que inicialmente demonstrou é dificilmente sustentada.”

A proposta apresentada por Pequim pede que seja alcançado um acordo político e que haja racionalidade entre as partes envolvidas. Não há uma linha de condenação da agressão de Moscovo e com uma linguagem neutra a China propõe que seja respeitada a soberania, independência e integridade territorial de todos os países.

Diálogo e negociações. É o pedido genérico que o país faz para acabar com a guerra na Ucrânia, em 12 pontos, mas sem qualquer referência a pedidos como a retirada dos militares russos do território ucraniano, feito por Kiev, ou ao fim do fornecimento de armamento pelos países da NATO à Ucrânia, feito por Moscovo.