Geovani Martins no Encontro de Leituras de Março
O escritor brasileiro é o convidado da sessão de 14 de Março, às 22h, na plataforma Zoom, com o seu primeiro romance Via Ápia.
Depois do sucesso do livro de contos O Sol na Cabeça, que saiu em Portugal em 2019 pela Companhia das Letras, o escritor brasileiro Geovani Martins, que sempre ouviu dizer que os livros de contos não vendem e que com essa sua primeira obra está aos 31 anos traduzido em mais de dez países (EUA, Inglaterra, França, Alemanha, Itália, entre outros), lançou-se na escrita do seu primeiro romance.
Chamou-lhe Via Ápia, o nome de uma das ruas mais movimentadas da Rocinha, no Rio de Janeiro, e nele acompanhamos o quotidiano de cinco rapazes que vivem naquela comunidade e como a sua vida foi alterada com a chegada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) que se instalou naquela comunidade em 2011, antes de o Brasil ser a sede do Mundial de Futebol (em 2014) e dos Jogos Olímpicos (em 2016). O projecto das UPP, integrado na política de segurança da cidade, pretendia diminuir a violência ligada ao tráfico de droga nas favelas com a instalação de forças policiais e militares. Geovani Martins vivia na Rocinha nessa época.
O romance estará em discussão no Encontro de Leituras, a 14 de Março, às 22h de Lisboa (19h de Brasília), na plataforma Zoom, com o escritor carioca como convidado. Podem aceder a esta sessão do clube de leitura do PÚBLICO e do jornal brasileiro Folha de S. Paulo através deste link ou com a inserção no Zoom do ID da reunião 820 7497 2849 e da senha de acesso 538972. A sessão é aberta a todas as pessoas que queiram participar, há um diálogo entre os leitores e o convidado.
O livro, que recebeu no ano passado o Prémio da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) para melhor romance, tem por tema essa guerra às drogas e o que correu mal nesse combate. A obra é constituída por capítulos que nos são apresentados como relatos diários (cada capítulo é uma data). Começa a 27 de Julho de 2011 e termina a 26 de Outubro de 2013.
Acompanha os irmãos Washington e Wesley, nos seus empregos precários, na sua luta diária e na sua relação com as drogas. Mostra-nos as expectativas da mãe, dona Marli, que os criou sozinha e sempre fez questão de ensinar aos filhos “a importância de ter o nome limpo na praça”. E também nos conta as aspirações do grupo de cinco amigos que inclui ainda Douglas (que quer ser tatuador), Murilo (que é soldado) e Biel (o único na narrativa identificado pelo narrador como branco e que se move por isso mais à vontade em outras zonas do Rio).
“Na Via Ápia não tinha nem ninguém no ponto das motos. Era estranho, mesmo na hora do rush pelo menos uma meia dúzia fica marcando ali. (…) Tudo parecia estranho demais, quando de repente ele viu um grupo de polícia, tudo Polícia Civil, que saía da travessa Roma. Depois conseguiu ver vários outros vindo de outros cantos. Com suas camisas e calças pretas e aquela certeza que eles têm de que nenhum traficante vai inventar de aplicar pra cima deles. Deu até calafrio”, lê-se em Via Ápia que foi publicado no Brasil no ano passado e chegou este mês chegou às livrarias portuguesas também numa edição da Companhia das Letras.
O Encontro de Leituras junta leitores de língua portuguesa uma vez por mês há mais de dois anos e discute romances, ensaios, memórias, literatura de viagem e obras de jornalismo literário na presença de um escritor ou especialista convidado. É moderado pela jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e pelo jornalista da Folha de S. Paulo Eduardo Sombini, apresentador do Ilustríssima Conversa, podcast de livros de não-ficção.
O Encontro de Leituras está disponível em podcast no Spotify, Apple Podcasts, SoundCloud ou outras aplicações para podcasts.