Palcos da semana: do Rinoceronte ao Fantasporto, com Menor e blues em antena

Coimbra vê nascer o festival Menor, Lisboa sintoniza-se no absurdo de Ionesco e no Festival Antena 2, o Fantas muda-se para o Batalha e Vila do Conde enche-se de Villa Sessions de blues.

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Bella Báguena estreia-se em Portugal a convite do Menor - Festival de Música Electrónica DR
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Rinoceronte estreia-se no Teatro Aberto com encenação de Ricardo Aibéo Bruno Simão
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Shepherd, de Russell Owen, é o filme de abertura do 43.º Fantasporto DR
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O trio alemão Muddy What? integra o cartaz do Villa Sessions Marcel Morast
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As Cramol levam o canto da mulher rural ao Festival Antena 2 Rui Gaudêncio

Sons por Menor

Coimbra tem um novo festival de música electrónica. Chama-se Menor, mas a ambição não é pequena. “Comprometido com o desconhecido, a diferença e a diversidade”, tenciona funcionar como um palco onde “encontrarão albergue os que não cabem na escala dominante”, lê-se na nota de intenções. Mais: promete alguns espectáculos nunca vistos e, por vezes, únicos.

Para isso, recebe KMRU & Aho Ssan com Límen, Jonathan Uliel Saldanha com a “peça sonora espectral” Hyper Ikonostasis (encomenda do Menor), Tropa Macaca com novidades de música e vídeo, “a obra dramática esmagadora” de Bella Báguena pela primeira vez em Portugal e um trabalho inédito de Cavernancia, o projecto do também fotógrafo Pedro Roque. O Menor é programado por Alexandre Lemos e produzido pelo Teatro Académico Gil Vicente.

O Rinoceronte na sala

Ricardo Aibéo encena um dos mais fascinantes textos de Eugène Ionesco e do teatro do absurdo. Escrito em 1959, Rinoceronte é uma alegoria em que os habitantes de um lugar são “contaminados” pela passagem de um rinoceronte que os vai transformando em animais como ele. Nas entrelinhas, traz alertas sobre conformismo e totalitarismo, a que as memórias da ascensão nazi não serão alheias.

Se a peça é agora levada à cena, é porque “ressoa, por muitas e diversas razões, aos tempos difíceis que temos vindo a viver”, sublinha a nota de imprensa, “ganhando uma nova actualidade ao interpelar temas como a uniformização do pensamento e a desumanização crescente da sociedade”. Além de encenar, Aibéo integra o elenco, ao lado de David Almeida, Dinis Gomes, Duarte Guimarães, Graciano Dias, Rita Durão e Sofia Marques.

Fantas ao Batalha

À 43.ª edição, o Fantasporto muda de poiso. É no novo Batalha que se instala com uma selecção de 86 filmes de 30 países – a maior parte, em estreia nacional. A maratona abre oficialmente com o isolamento-tornado-horror em Shepherd, do britânico Russell Owen, e termina com Once Upon a Time in the Future: 2121, uma projecção “orwelliana” da turca Serpil Altin.

Na vastidão do programa destacam-se ainda Immersion (nova obra de Takashi Shimizu, vencedor do Grande Prémio do festival no ano passado), uma retrospectiva do cinema filipino e a exibição das cópias restauradas de Darklands, de Julian Richards, e Mute Witness, de Anthony Waller. Fora da tela, sobressai uma novidade chamada Movie Talks, que se traduz num convite para tertúlias no bar, depois das sessões.

À letra e com química

António Rosado ao piano. A Orquestra Gulbenkian em concerto. Partituras antigas pelo Ensemble Fiori e Fuoco, com a soprano Orlanda Velez Isidro. Música de câmara pelos clarinetistas do Quarteto Vintage. As harmonizações do coro Musaico aplicadas a canções dos Beatles. O baterista e compositor Mário Costa à frente de um quarteto, com o álbum Chromosome. O canto da mulher rural representado pelas Cramol. Sons da Filarmónica União Taveirense.

E ainda os sketches de Palavras de Bolso e palestras em que entram a química e as letras, com Nuno Maulide e Lídia Jorge, respectivamente. É o Festival Antena 2 a fazer, mais uma vez, “prova de vida da diversidade dos conteúdos (e seus intérpretes)” que passam na rádio pública.

Em tons de blues

Vila do Conde torna a ser pátria de blues em várias tonalidades e nacionalidades. Para a sua sétima edição, o festival Villa Sessions reserva quatro dias de concertos, a que se juntam masterclasses, concursos, workshops e outras actividades.

Ao palco sobe um cartaz que tanto vai ao Mali de Baba Sissoko & Mediterranean Blues como à Espanha do multifacetado guitarrista Fede Aguado, bebendo também da energia do trio alemão Muddy What?, da juventude da irlandesa Gráinne Duffy e dos ensinamentos do premiado cantautor irlandês Dom Martin, entre outros.

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