Habitação: IL desafia PSD a recorrer ao Tribunal Constitucional em defesa da propriedade privada

Rui Rocha admite tentar “sensibilizar” Presidente da República para “ataque grave aos princípios basilares das democracias liberais” no pacote da habitação apresentado pelo Governo.

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Rui Rocha já fez um "contacto informal" com o PSD mas ainda não tem resposta para iniciativa conjunta sobre habitação Rui Soares

O líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, desafiou o PSD a juntar-se à sua bancada para pedir a fiscalização sucessiva ao Tribunal Constitucional (TC) de algumas medidas do pacote de habitação anunciadas pelo Governo, o que só é possível quando estiverem formalizadas em lei. Caso os sociais-democratas não aceitem o repto, os liberais admitem recorrer ao Presidente da República e à Provedoria de Justiça.

Em declarações aos jornalistas, no Parlamento, Rui Rocha adiantou que já fez um “contacto informal” com o PSD para obter as assinaturas necessárias para avançar com o pedido de fiscalização ao TC já que os oito deputados da bancada liberal são insuficientes para totalizar um quinto dos parlamentares exigidos por lei.

"​Queremos desafiar o PSD a apresentar com a IL uma iniciativa de fiscalização sucessiva deste pacote legislativo, assim que for formalizado. A análise é ainda preliminar, mas há três situações que põem em causa a Constituição, põem em causa o direito à propriedade e a liberdade económica", afirmou. Em causa estão o “arrendamento compulsivo”, as “limitações que são impostas ao arrendamento local” e a isenção de mais-valias em transacções feitas com o Estado, segundo Rui Rocha.

O líder da IL considera haver medidas “violadoras do princípio da propriedade privada” e que “conjugam dois tempos – o do PREC e o do Estado Novo, com o arrendamento compulsivo”.

Apesar de já ter feito um contacto informal com o PSD, Rui Rocha não tem ainda resposta por parte dos sociais-democratas. Caso seja negativa, os liberais pretendem “sensibilizar o Presidente da República para as consequências nefastas destas iniciativas” e actuar junto da Provedoria de Justiça para “suscitar a fiscalização da constitucionalidade” das medidas, além de avançar com iniciativas legislativas no Parlamento para tentar contrariar as medidas propostas.

O requerimento a pedir a fiscalização sucessiva só pode ser apresentado após a publicação das medidas em Diário da República, o que ainda poderá demorar algum tempo. Para já, o pacote da habitação estará um mês em discussão pública e só depois será corporizado em iniciativas legislativas.

Questionado sobre se não deveria esperar pela apreciação dos decretos por parte do Presidente, Rui Rocha justificou a iniciativa com a gravidade das propostas do Governo, considerando que se trata de um “ataque grave aos princípios basilares das democracias liberai​s”.

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