Recorde nas exportações de turismo não evita défice na balança comercial
Exportações de turismo tiveram uma forte subida e chegaram aos 21,1 mil milhões em 2022. Agravamento do défice na troca de bens levou a saldo negativo da balança comercial equivalente a 2,1% do PIB.
As exportações de turismo chegaram aos 21.107 milhões de euros no ano passado, um valor recorde que superou as estimativas mais recentes do Banco de Portugal e do Governo.
Este valor, reportado esta sexta-feira pelo Banco de Portugal, representa uma subida de 110% face a 2021 e de 15,4% face a 2019, pré-pandemia de covid-19.
Numa conjuntura de subida de preços, o mercado com maior peso foi o britânico, responsável por 3298 milhões de euros, equivalente a 16% do total. Seguiu-se o francês, com 2900 milhões, o espanhol, com 2386 milhões, e o alemão, com 2366 milhões. Destaquem-se ainda os EUA, com 1870 milhões de euros.
Dados do INE ligados ao tráfego aéreo já tinham dado nota de que os britânicos tinham voltado a liderar em número de passageiros, depois de terem perdido a primazia em 2020 e em 2021, anos de maior impacto da pandemia de covid-19, com restrições à circulação de pessoas (principalmente extra-UE).
Da mesma forma, as estatísticas dos alojamentos turísticos mostraram que os britânicos foram os estrangeiros com maior peso nas dormidas em 2022, com quase nove milhões (perto de 20% do total). Nesse ano, os proveitos totais dos alojamentos turísticos contabilizados pelo INE chegaram aos 5003 milhões de euros, mais 16,5% face a 2019.
Saldo com novo máximo
O saldo da rubrica de viagens e turismo, segundo os dados divulgados esta quinta-feira pelo BdP, também bateu um novo recorde, tendo até crescido a um ritmo superior ao do das exportações: 18,3%, para 15.574 milhões de euros.
Ao todo, o excedente da balança de serviços aumentou, em comparação com o ano anterior, 11 mil milhões de euros, chegando aos 21.519 milhões. “Tanto o saldo como as exportações e as importações de serviços situaram-se acima dos valores pré-pandemia, sendo os mais elevados de toda a série”, refere o banco central.
No entanto, o défice da balança de bens superou o excedente registado nos serviços, tendo a balança comercial apresentado “um saldo de -2,1% do PIB”, ou seja, um saldo negativo equivalente a 2,1% do PIB.
“O défice da balança de bens aumentou 10,4 mil milhões de euros relativamente a 2021”, chegando aos 26.458 milhões de euros, “uma vez que as importações cresceram a um ritmo superior ao do das exportações (31% e 22%, respectivamente), o que resultou, em parte, da evolução dos preços verificada em 2022”, nota o banco central.
Por sua vez, o resultado da balança comercial foi o principal ingrediente para que, no ano passado, a economia portuguesa tenha registado “um défice externo de 1,1 mil milhões de euros, o que corresponde a 0,5% do PIB”. “Excluindo o ano de 2020, em que se verificou um valor marginalmente negativo do saldo, a economia portuguesa já não apresentava necessidades de financiamento desde 2011”, nota o Banco de Portugal.