Galp fechou o ciclo em Angola com venda de 777 milhões

A empresa iniciou em Angola, em 1991, a actividade de produção de petróleo. Vende os projectos petrolíferos e continua na distribuição de combustíveis.

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Galp vai vender negócio petrolífero a empresa angolana Somoil Reuters/Stephen Eisenhammer

Angola marcou o início da actividade de produção de petróleo da Galp, mas há muito deixou de ser o foco das atenções e do investimento da petrolífera, que tem no Brasil os seus activos mais valiosos.

“A actividade de produção de petróleo da Galp Energia teve início em 1991, no campo Safueiro, no bloco 1/82 em Angola, que esteve em produção até 2002”, recorda o livro editado pela Fundação Galp “O Nosso Tempo - Uma História da Galp Energia”.

Segundo a cronologia traçada no livro, o campo Kuito, entrou em produção em 1999 e, em 2000, realizou-se o primeiro tratamento do petróleo bruto proveniente deste campo.

Outro marco da actividade no país foi a entrada no sector do gás natural, em 2007, com a participação num “consórcio para o desenvolvimento de actividades de pesquisa e de exploração, no projecto Angola LNG III, que foi o primeiro integrado de gás natural no país”.

“Angola manteve-se como o único reduto de produção até Maio de 2009, com os campos BBLT e Tômbua-Lândana, no bloco 14”, lê-se ainda.

Desde então, a actividade petrolífera em Angola passou por momentos conturbados, especialmente depois de 2014, quando a quebra das cotações do petróleo espoletou uma crise política, social e económica, expondo a enorme dependência do país relativamente às receitas do petróleo, fazendo com que o investimento no sector decaísse e, em simultâneo, as autoridades angolanas agravassem a tributação sobre as empresas a operar no país.

Hoje, a Galp (que tem como accionista de referência a petrolífera estatal Sonangol) tem projectos offshore (no mar) nos blocos 14, 14K e 32 que serão vendidos à empresa de capitais privados angolanos Somoil, quando ainda em 2019, afirmava em comunicado que "Angola, onde a Galp está presente desde 1982, é uma das regiões estratégicas para o crescimento da produção do grupo".

Mas a estratégia mudou e, com esta transacção, a Galp consegue “cristalizar valor de activos maduros no upstream [exploração e produção]”, assinala o presidente da empresa, Filipe Silva, no comunicado divulgado esta segunda-feira.

A Galp detalha que os activos incluídos na transacção são os 9% detidos no bloco 14, que inclui os projectos Tombua, Landana, BBLT (Benguela, Belize, Lobito, Tomboco) e Kuito; os 4,5% do bloco 14K (campo Lianzi) e os 5% do bloco 32 (projectos Kaombo e CNE).

Além das actividades de exploração e produção, a Galp também está presente no mercado dos combustíveis em Angola, incluindo em parceria com a sua accionista Sonangol, que tem uma participação indirecta de 15% na Galp, através da Amorim Energia, dona de 33,3% da Galp.

Segundo a informação disponibilizada no site da empresa, a sua actividade de distribuição de combustíveis desenvolve-se através da Petrogal Angola (distribuição e comercialização de lubrificantes) e Sonangalp, que é detida em 49% pela Galp e em 51% pela Sonangol.

Esta empresa “tem como actividade a distribuição e comercialização de combustíveis líquidos e lubrificantes nos segmentos de retalho e wholesale”. Sobre estes negócios não há qualquer indicação de desinvestimento.

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