Presidente diz ser uma “boa notícia” o investimento na habitação
No mesmo local, Luís Montenegro afirmou que o PSD irá apresentar um pacote de medidas para a habitação dois dias antes de uma reunião do Conselho de Ministros exclusivamente dedicada a este sector.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assumiu esta sexta-feira que "é uma boa notícia" o país investir mais na habitação através de fundos europeus, uma vez que, reconheceu, o país tem "grandes problemas" nesta área.
"O facto de se apostar o dinheiro dos fundos europeus na habitação é uma boa notícia", reagiu o Presidente da República quando questionado pela Lusa sobre os incentivos previstos pelo Governo para o sector, no próximo Conselho de Ministros.
A partir de Celorico da Beira, onde visitou a Feira do Queijo, Marcelo Rebelo de Sousa disse que, quando foi criado um Ministério da Habitação, pensou que "não devia ser só um nome, tinha de ser, mais do que um nome, uma aposta forte" na habitação.
"Nós estamos com problemas grandes na habitação social. Não é só o problema de o custo da habitação ter subido, muito por causa da guerra, por causa da inflação, por causa do turismo, por causa dos residentes estrangeiros, por causa dos nossos emigrantes que têm investido mais no imobiliário", disse.
Mas, continuou, "é sobretudo, em muitos sítios, um problema do alojamento dos mais jovens – daqueles que querem arrancar para a vida profissional, constituir família e não têm hipótese de habitação, nem arrendando, nem através de aquisição – e dos sectores carenciados da população".
O semanário Expresso noticiou esta sexta-feira que o Governo prepara um novo "mecanismo permanente de apoio à renda" para famílias com quebras de rendimentos, uma medida que integra o novo pacote legislativo sobre habitação que vai aprovar no Conselho de Ministros da próxima quinta-feira.
PSD apresenta medidas para a habitação dois dias antes do Governo
Pouco depois, no mesmo evento em Celorico, o presidente do PSD, Luís Montenegro, anunciou que o partido vai apresentar no dia 14 um pacote de medidas para a habitação, dois dias antes de um Conselho de Ministros exclusivamente dedicado a este sector.
"Desejo que o Conselho de Ministros cumpra a sua tarefa, que é apresentar as suas ideias, mas nós, no PSD, não vamos esperar, antes mesmo do dia 16, no dia 14, apresentaremos um pacote de medidas muito concreto", adiantou Luís Montenegro.
O líder do PSD disse esperar que em torno dos objectivos que o partido irá defender "se possa gerar o consenso necessário para que estes investimentos não fiquem mais adiados".
"Lamento profundamente que cheguemos ao dia de hoje e as oportunidades de financiamento, nomeadamente abertas pelo PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], também na habitação, estejam tão atrasadas, tão adiadas, como infelizmente é a marca dos dias de hoje", afirmou, desejando que o Governo "passe das palavras aos actos" no que diz respeito às medidas para o sector da habitação.
"Nós, desde há muitos anos, vimos assistindo à apresentação de ideias, de objectivos, até de uma estratégia nacional para a habitação, mas as coisas não estão a chegar ao terreno", acusou.
Luís Montenegro apontou que "há falta de oferta no mercado de habitação, quer para aquisição, quer para arrendamento", e que "os preços estão incomportáveis um pouco por todo o país, não é só nas áreas mais urbanas e mais no litoral".
Uma "feliz coincidência"
Luís Montenegro chegou a Celorico da Beira pelas 12h e entrou no recinto da feira onde Marcelo Rebelo de Sousa já se encontrava desde as 10h30 e encontraram-se no interior, junto do local onde, minutos antes, tinha terminado a cerimónia de abertura que foi presidida pelo Presidente da República.
No momento do encontro, Montenegro cumprimentou Marcelo com a saudação "senhor Presidente", tendo este respondido que tinha chegado "na altura do queijo", que era "a altura certa", porque anteriormente tinham decorrido os discursos. O queijo "é uma perdição", disse o líder social-democrata, o que foi correspondido por Marcelo Rebelo de Sousa.
Depois de Montenegro ter dito que esta semana, que passou no distrito da Guarda, engordou três quilos, o PR respondeu que "isso é bom sinal". Marcelo Rebelo de Sousa perguntou depois "qual é agora o próximo destino?" "Agora, vou fazer o périplo das comunidades. Vou a França, à Bélgica e ao Luxemburgo. E, depois, em Abril, vai ser Lisboa", adiantou.
Marcelo solicitou: "Se passar ali perto de Belém, dá para passearmos ali de um lado para o outro." "Vamos comer um pastel de Belém", atirou Montenegro e Marcelo retorquiu: "Vamos comer um pastelinho de Belém." A terminar o encontro, Luís Montenegro disse, com um sorriso rasgado: "O senhor Presidente vai-me ajudar a sentir Portugal."
Mais tarde, em declarações aos jornalistas, o líder do PSD disse que o encontro com o Presidente "proporcionou-se" no final da semana, em que concluiu a iniciativa "Sentir Portugal", que hoje termina no distrito da Guarda.
"Eu passei aqui a semana toda a percorrer todos os concelhos do distrito da Guarda. O facto de o senhor Presidente da República se ter deslocado a Celorico [da Beira] hoje foi uma coincidência que não estava prevista. Mas acho que é uma feliz coincidência", afirmou.