O "desafio" aliado ao contributo para uma "causa solidária" levará as irmãs Rita e Sofia Martins de Sousa a aventurarem-se em Marrocos, no rali UniRaid, para estudantes universitários, com início no domingo, em Tânger, e fim em Marraquexe.
"Aquilo que nos motivou a participar foi a parte da aventura. Gostamos de desportos motorizados e acompanhamos o Dakar. É uma aventura muito apelativa para nós, um desafio. E há o lado solidário. É juntar as duas coisas num projecto só. Trabalhar em equipa, conhecer ouras pessoas e a cultura marroquina, enquanto ajudamos um país com material de que tanto precisa", resume Rita, à agência Lusa.
As cerca de 120 equipas portuguesas e espanholas participantes no evento de seis etapas, que cumprem parte do percurso do Dakar, vão ter somente recurso a um roadbook, um mapa e uma bússola (sem GPS ou dispositivos electrónicos), a bordo de uma viatura com, obrigatoriamente, mais de 20 anos.
"Vai ser um desafio andar no deserto com um carro que não foi feito para isso. Tivemos de o preparar, mas nem tem tracção às quatro rodas. Vamos atascar e ter problemas mecânicos. Será um desafio até contar com a ajuda dos outros participantes para completarmos as etapas. Outro [desafio] será o de trabalharmos em equipa, vamos estar muito tempo juntas e é um teste para a nossa relação enquanto irmãs", acrescentou a estudante do terceiro ano de Direito, de 22 anos.
Esta missão só faz sentido para as irmãs de Almada pelo estímulo do lado solidário, que acreditam ser uma realidade cada vez mais presente na sua geração.
"É muito, muito importante. Principalmente para nós, que estamos habituadas e sempre fizemos voluntariado. Quando há roupa que não precisamos, damo-la. O objectivo principal é dar os mais de 40 quilos que temos em material solidário", sublinha a irmã Sofia.
A caloira de Ortóptica, de 19 anos, considera que "a juventude está mais sensibilizada" para a solidariedade que, neste caso, se vai traduzir em kits de material escolar, roupa, incluindo de bebé, e produtos de higiene para distribuir ao longo das aldeias no trajecto.
O facto de serem duas jovens mulheres não encerra qualquer problema e os próprios pais são os maiores entusiastas do seu projecto. "É muito tranquilo e pacífico. Sempre fomos muito independentes e autónomas. Os nossos pais claramente que nos encorajam e entusiasmam. Há alguns cuidados a ter, pois é um país bastante diferente do nosso, mas é tranquilo. Não há problema nenhum", garante Sofia.
No fim desta aventura, ficará a certeza do "orgulho" de terem "ultrapassado desafios e obstáculos" e cumprido o sonho que levou "muitos meses de preparação".
"É tornar o impossível em possível. Enquanto universitárias, conseguirmos combinar os estudos com esta parte solidária e tentar ter impacto à nossa volta. Com trabalho e dedicação, concretizar um projecto ambicioso", resumiu Rita, que tem a certeza de que as irmãs vão "ganhar mundo e abrir os olhos".
No domingo, disputa-se a primeira de seis etapas que combinam condução por estradas de montanha, trilhos, areia e dunas, um conjunto de obstáculos naturais que lhes vão exigir estratégia e perícia.
Rita e Sofia partem da Charneca da Caparica para Marrocos na sexta-feira de manhã.