A perversidade das sociedades desportivas

Este é o momento do apelo à acção do legislador, para que o futebol deixe de ter desculpas para não agir.

Os problemas com projectos ruinosos e insolvências de sociedades desportivas em Portugal só tem uma via de resolução: alterar a lei e exigir a prestação de verdadeiras garantias no licenciamento desportivo. Após os contributos de todas as entidades que participaram no grupo de trabalho criado pela Secretaria de Estado da Juventude e Desporto para o efeito, esperamos um processo legislativo eficaz que tem, necessariamente, de conferir instrumentos ao regulador desportivo para bloquear determinados projectos, indo além do simples controlo ou verificação, a posteriori, do cumprimento das obrigações assumidas.

Há anos que o sindicato luta para que a questão seja tratada preventivamente. É preciso ir à génese da criação das sociedades desportivas no futebol, estabelecer em que condições fazem sentido e que requisitos de idoneidade e garantias financeiras dos seus investidores e órgãos gerentes têm de existir. Continua a ser urgente combater o uso de testas de ferro de agentes e outros grupos económicos que visam a exploração ou lavagem de dinheiro.

É absolutamente inaceitável que nos distritais ou Campeonato de Portugal surjam sociedades desportivas com cobertura legal, mas totalmente desprovidas de capacidade de gestão ou sustentabilidade, culminando quase sempre em episódios lamentáveis como aquele que estamos a vivenciar em Rio Maior.

Basta olhar ao que se faz lá fora e respeitar um sistema piramidal em que na base do futebol amador têm de estar projectos que priorizam a prática desportiva dos jovens formados localmente e não o lucro, com negócios obscuros e transferências de jogadores tratados como autêntica mercadoria.

Este é o momento do apelo à acção do legislador, para que o futebol deixe de ter desculpas para não agir.

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