Armie Hammer diz que abuso sexual aos 13 anos deu origem a conduta sexual tóxica

Actor fala pela primeira vez, dois anos depois de ter sido acusado de abuso sexual e canibalismo.

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Armie Hammer foi acusado de violação DANNY MOLOSHOK/Reuters

Armie Hammer, 36 anos, deu uma rara entrevista na qual, pela primeira vez, contou a sua versão a respeito da série de acusações de violência sexual (entre as quais um fetiche por canibalismo) que travaram a sua carreira, até então em ascensão em Hollywood.

Ao site Air Mail, o actor afirmou que pensou em se suicidar após as denúncias virem à tona e revelou ter sido abusado sexualmente na infância. E nega ter cometido qualquer crime, embora admita ter sido tóxico com as mulheres que conheceu na Internet.

Segundo contou, Hammer acredita que a sua conduta teve origem no abuso sexual sofrido quando tinha 13 anos. O acto teria sido praticado por um pastor.

"O que isso fez por mim foi introduzir a sexualidade em minha vida de uma forma que estava completamente fora do meu controle", afirmou. "Eu estava impotente naquela situação. Eu não tinha gerência na situação. A sexualidade foi-me apresentada de uma forma assustadora onde eu não tinha controlo. Meus interesses então foram: quero ter o controlo da situação, sexualmente falando."

Hammer disse que, anteriormente, só tinha falado do abuso sexual a duas pessoas — o Air Mail diz ter confirmado o relato com a madrinha do actor. Os múltiplos relatos de violência sexual contra ele surgiram em 2021 e fizeram com que ele fosse dispensado de vários projectos. O actor acabou se mudando para as Ilhas Caimão, onde se internou numa clínica e depois foi visto trabalhando como vendedor.

Na entrevista, ele também revelou ter pensado na possibilidade de tirar a própria vida após as acusações virem à tona. "Eu apenas entrei no oceano, nadei o mais longe que pude e esperei me afogar, ou que fosse atropelado por um barco ou comido por um tubarão", contou. "Foi quando percebi que meus filhos [do casamento com Elizabeth Chambers, terminado pouco depois das denúncias] estavam na praia e que não poderia fazer isso com eles."

O actor também admitiu que foi "um milhão por cento" abusivo emocionalmente com as mulheres que o acusaram, mas nega as acusações de estupro. "Estou aqui para assumir meus erros, assumir a responsabilidade pelo facto de que fui um idiota, que fui egoísta, que usei as pessoas para me fazer sentir melhor e, quando terminei, segui em frente", afirmou.

"Agora sou uma pessoa mais saudável, mais feliz e mais equilibrada", prosseguiu. "Sou capaz de estar ao lado dos meus filhos de uma forma que nunca estive... Sou muito grato pela minha vida, minha recuperação e tudo mais. Eu não voltaria e desfaria tudo o que aconteceu comigo."

Ele também confirmou que o actor Robert Downey Jr. o apoiou quando ele estava no fundo do poço e contou que, agora, está trabalhando como "companheiro sóbrio" de um programa de reabilitação, ajudando um colega a se manter longe do seu vício. "Parece que minha recuperação fez com que eu passasse de ser aquele que precisa de ajuda para ficar sóbrio a ser capaz de ajudar os outros", comemorou.


Exclusivo PÚBLICO/Folha S.Paulo
O PÚBLICO respeitou a composição do texto original, com excepção de algumas palavras ou expressões não usadas em português de Portugal.

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