Um checo de valor elevado impediu a reacção de Portugal

A vitória no encontro de pares ainda criou esperanças, mas foi a República Checa, vencedora por 3-1, a qualificar-se para as Davis Cup Finals.

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João Sousa LUSA/TIAGO PETINGA

As dificuldades de Portugal em recuperar da desvantagem de 0-2 na eliminatória de qualificação da Taça Davis confirmaram-se com mais uma boa exibição de Jiri Lehecka, que deu o ambicionado terceiro ponto à República Checa. A abrir a jornada de domingo, Nuno Borges e Francisco Cabral venceram o par e reduziram para 1-2, mas João Sousa não teve argumentos para contrariar o bom momento de forma de Lehecka. E pela quarta vez (e terceira nos últimos seis anos), Portugal falhou a subida ao Grupo Mundial, que reúne as melhores selecções do mundo.

“Tenho muito orgulho neste grupo. Demos tudo por tudo, mas faltou ganhar e sair do primeiro dia com, pelo menos, um ponto. Não fizemos história, mas vamos fazendo história, porque antes a Maia era grande para nós e agora já é pequena”, resumiu o seleccionador Rui Machado, aludindo às centenas de adeptos que preencheram as bancadas do Complexo de Ténis da Maia nos dois dias de competição.

O apoio do público foi fundamental para a vitória de Nuno Borges e Francisco Cabral, sobre Tomas Machac e Adam Pavlasek, por 7-5, 7-6 (7/4). O par português entrou mal (0-3), mas recuperou de 1-4 para vencer o primeiro set e, na segunda partida, de 0-2 para 2-2 e de 2-4 para Borges servir a 5-4.

A dupla lusa não aproveitou um match-point, sofreu um break e a tensão aumentou. Os portugueses salvaram dois set-points quando Cabral serviu a 5-6 e, no tie-break, precisaram de mais dois match-points para confirmarem a vitória ao fim de duas horas e 13 minutos.

“Estávamos obrigados a ganhar e, talvez por isso, entrámos mais tensos e nervosos. Demos tudo o que tínhamos e só faltou ganhar a eliminatória”, lamentou Cabral.

Depois, Jiri Lehecka (39.º) assumiu a responsabilidade de somar o terceiro ponto para a República Checa e justificou o favoritismo derrotando Sousa (84.º), por 6-4, 6-1, em uma hora e 25 minutos.

“Decepção, frustração… não há muito a dizer. Dei tudo o que tinha, também não estava nas melhores condições físicas, mas não quero falar nisso; eles foram melhores. É triste porque todos queríamos jogar no Grupo Mundial e estivemos muito perto”, afirmou Sousa.

O número um português até foi o primeiro a assinar um break, mas o checo de 21 anos recuperou imediatamente, entrou mais em jogo e não mais perdeu o ascendente. Um break logo no início da segunda partida e os 21 winners obtidos confirmaram a superioridade de Lehecka, que soube transportar para a eliminatória da Taça Davis a confiança que trouxe do Open da Austrália, onde, pela primeira vez atingiu os quartos-de-final num torneio do Grand Slam.

“É sempre especial jogar na Taça Davis. Como era em terra batida, não sabia muito bem o que esperar, mas eu e a equipa preparámo-nos muito bem nos últimos cinco dias. Estamos muito felizes pelo que conseguimos aqui”, admitiu Lehecka.

Para Vasco Costa, em cujos mandatos Portugal disputou o acesso ao Grupo Mundial em três ocasiões, Lehecka foi o responsável pelo desnível registado. “Até há umas semanas, era uma eliminatória equilibrada, mas tudo mudou com o resultado no Open da Austrália do número um checo, que chegou aqui cheio de confiança”, resumiu o presidente da Federação Portuguesa de Ténis. “A pressão sobre a equipa portuguesa era muito grande, porque todos queriam passar ao Grupo Mundial. O público foi fantástico e a equipa deu tudo”, concluiu Vasco Costa.

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