A existência do ensino profissional é fundamental para a manutenção do fluxo de mão-de-obra qualificada num país com cada vez mais falta de literacia, mas será que alguém se apercebeu da urgência desta reformulação?
Nos dias que correm, o ensino profissional foi categorizado como um meio para atingir um fim – a escolaridade obrigatória (12.º ano). É fundamental que haja uma reformulação desta ideia, o próprio perfil do aluno de um curso profissional (CEF, PIEF, entre outros) está na sua essência errado. As retenções, o mau comportamento e a falta de pré-requisitos são factores para sugerir a alunos e pais o ingresso nos cursos profissionais.
A reformulação deste ensino deverá passar sim pelo fim dos facilitismos implementados e a implementação de um perfil de aluno específico para o ensino profissional. Devemos colocar de lado as ideias inequívocas de “maus alunos” e canalizar alunos com um perfil/competências diferentes para este tipo de ensino.
Num segundo momento, a regulação da tipologia dos cursos profissionais deverá ser revista e reformulada para que estes alunos, futuros cidadãos activos, possam ingressar no mercado de trabalho com relativa facilidade. É fundamental adequar a tipologia do curso ao meio onde estes alunos estão inseridos, por exemplo, reflectir sobre a criação de sucessivos cursos profissionais de Turismo e Hotelaria em zonas praticamente despovoadas devido à constante litoralização do nosso país.
Deve sim existir um levantamento prévio das necessidades da zona envolvente à escola para garantir que estes discentes são procurados pelo mercado de trabalho. Exemplo disso poderá ser a criação de cursos ligados à agricultura, por exemplo, a viticultura, operadores de máquinas agrícolas, entre outros, para fixar alguns destes alunos, prevenindo, também, o despovoamento do interior. Outro exemplo será a necessidade de mão-de-obra qualificada no âmbito da construção civil, electricidade, mecânica automóvel, entre outros, notável em grande parte do nosso país e principalmente nos grandes centros.
Esta reformulação é urgente para que, da escola, saiam alunos com um futuro/uma carreira à sua espera, uma vez que muitos destes concluem o 12.º ano num curso profissional e não colocam em prática as suas aprendizagens, em grande parte pela falta de oferta laboral na sua área de residência, mas também pela falta de competências e conteúdos adquiridos devido ao facilitismo em contexto escolar. Para terminar, façamos um pequeno exercício reflexivo sobre as antigas escolas industriais de onde, durante anos, saíram excelentes profissionais das profissões que hoje estão praticamente em vias de extinção.