A Polícia de Segurança Pública (PSP) lançou, esta quarta-feira, uma operação contra adeptos casuals em Lisboa. No total, foram detidas 30 pessoas – 29 no cumprimento de mandado e uma detida em flagrante delito por posse de arma de fogo. Ao que o PÚBLICO conseguiu apurar, a operação abrange indivíduos ligados a grupos de apoio de Benfica e Sporting. Entre os detidos, há membros da Juventude Leonina e dos No Name Boys.

A investigação começou em Abril de 2022, depois de serem registados actos de violência destes adeptos radicais de "águias" e "leões"​. Nas buscas desta quarta-feira, a polícia apreendeu três armas de fogo e mais de 700 munições de variados calibres. No que diz respeito à apreensão de estupefacientes, a PSP encontrou na realização das buscas dois quilos de haxixe e 100 gramas de heroína. Há ainda sob análise 500 gramas de uma outra substância. Também foram apreendidos vários engenhos pirotécnicos, nomeadamente tochas, very-lights e potes de fumo.

Os detidos vão pernoitar no Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, com o primeiro interrogatório a estar previsto esta quinta-feira.

A PSP diz que a operação policial "é dirigida ao movimento casual em Portugal". Os adeptos são suspeitos do crime de agressão, entre grupos de adeptos e contra a Polícia, de roubo, dano qualificado e participação em rixa.

O movimento casual representa uma subcultura do hooliganismo, com origem no Reino Unido no final da década de 1970. Estes adeptos radicais, muitas vezes ligados a incidentes de violência nos estádios, não usam cores que os possam identificar como adeptos dos respectivos clubes, procurando passar despercebidos e ficar fora do radar das autoridades. Aquando das deslocações, viajam em grupos pequenos e em viaturas pessoais, de modo a escapar à "caixa de segurança" e criar problemas junto dos adeptos rivais.

Um dos acontecimentos com mais impacto ligado a este "movimento" aconteceu num jogo entre FC Porto e Sporting da época 2012-2013. Despistando o controlo policial, um grupo de 100 casuals ligados aos "leões" semeou o pânico junto ao Estádio do Dragão, agredindo adeptos portistas e envolvendo-se em confrontos com elementos dos Super Dragões. Acabariam detidos após tentar forçar a entrada no estádio do FC Porto.

"Motivada por vários episódios de violência em Lisboa e outras zonas da área metropolitana, em articulação com a 11.ª Secção do DIAP de Lisboa, está a ser realizada uma operação de grande envergadura por parte da investigação criminal sobre dois grupos afectos a este movimento, visando alguns dos seus elementos mais activos e agressivos", escreve a PSP em comunicado.

Foram accionados meios ligados à investigação criminal, bem como elementos que integram as equipas de ordem pública. Há ainda o apoio da Guarda Nacional Republicana (GNR) nesta operação.

Texto actualizado às 15h34: alteração do número de detidos e dos quantidades de materiais apreendidos pela PSP