Guerra na Ucrânia
Em Kiev, a vida acontece debaixo de fogo, debaixo do solo
Em estações de metro encerradas, transformadas em abrigos temporários, os residentes de Kiev vivem (ou tentam sobreviver) entre a ansiedade e o tédio.
25 de Dezembro, Kiev. No interior de uma estação de metro da capital ucraniana, aqueles que se abrigam dos raides aéreos russos entoam cânticos. Um cenário invulgar. “Os nossos inimigos preferiam que nos sentássemos e chorássemos por aqueles que morreram, por tudo o que está acontecer agora”, diz à ABC News a ucraniana Oksana Sobko, de 47 anos, no interior da estação subterrânea. “Em vez disso, cantaremos”, proclama, sustendo as lágrimas.
No ano marcado pela invasão russa da Ucrânia e pela quebra de laços da Igreja Ortodoxa ucraniana com Moscovo, muitos ucranianos optaram por festejar o Natal a 25 de Dezembro e não a 7 de Janeiro, como era habitual. Assim, naquele dia, a emoção tomou conta do subterrâneo de Kiev – e a Reuters presenciou esse momento.
Em Dezembro de 2022 e Janeiro seguinte, as sirenes soaram inúmeras vezes, alertando para o perigo dos bombardeamentos russos sobre a capital da Ucrânia e, por conseguinte, lançando o pânico entre os civis à superfície. Quando o perigo vem do ar, é no subsolo que muitos encontram refúgio. Nas estações de metro encerradas, transformadas em abrigos temporários, os residentes vivem entre a ansiedade e o tédio, em busca de conforto num cenário anómalo.
Nas imagens captadas pela agência Reuters nas estações de metro de Kiev entre os dias 5 de Dezembro e 26 de Janeiro, os smartphones, os tablets e computadores portáteis são omnipresentes. Sentados nas escadas rolantes, nos corredores ou deitados no chão frio das estações, homens, mulheres, crianças e animais de estimação tentam abstrair-se da passagem das horas. Há quem viva momentos de partilha – de um abraço ou de uma dança – e quem opte por tentar dormir até poder regressar à superfície.