Presidente do Peru pede uma “trégua política” aos manifestantes
Líder interina quer espaço de manobra para fazer avançar um ambicioso plano de investimento. Pelo menos 55 pessoas já morreram nos protestos contra a destituição e detenção de Castillo.
A Presidente interina do Peru, Dina Boluarte, pediu uma “trégua política” aos manifestantes, depois de centenas de pessoas terem voltado a manifestar-se das ruas de Lima, num protesto que terminou com confrontos entre alguns dos manifestantes e a polícia. Pelo menos 55 pessoas já morreram desde que os protestos contra a destituição e detenção do ex-Presidente Pedro Castillo começaram, a 7 de Dezembro.
Responsabilizando uma vez mais Castillo, em prisão preventiva enquanto é investigado por “rebelião", Boluarte repetiu que o ex-governante promoveu a polarização política durante os 17 meses da sua presidência. E responsabilizou “radicais” ligados ao tráfico de droga, exploração mineira ilegal e contrabando pela violência de alguns dos protestos.
Segundo Boluarte, os protestos já causaram dois mil milhões de soles (perto de 500 milhões de euros) em prejuízos à produção e três mil milhões em danos em infra-estruturas. Para lidar com o impacto económico da contestação, o seu Governo lançou um plano de 1.4 mil milhões de euros, visando as regiões mais afectadas pelos protestos.
Entre as medidas previstas inclui-se aumentos nas prestações sociais, incluindo pensões, abertura de centros onde os mais pobres possam ir fazer as suas refeições, acesso a gás natural nas casas e locais de trabalho públicos, assim como investimentos em mineração (incluindo uma aposta na produção de lítio) e agricultura.
Face ao afastamento de Castillo, um Presidente visto como o primeiro em muito tempo empenhado em adoptar medidas de combate à pobreza e ao racismo, os manifestantes exigem a demissão imediata de Boluarte e a marcação urgente de eleições. Os protestos começaram nas regiões rurais do Sul do país e chegaram à capital há uma semana.
A braços com um Congresso dominado pela oposição, Castillo anunciou a sua dissolução e a formação de um governo de gestão até ao regresso dos peruanos às urnas, uma iniciativa que até alguns aliados viram como uma tentativa de golpe de Estado.