Professores em greve na Covilhã. “Não paramos”, garantem
Protestos dos professores decorrem no distrito de Castelo Branco, convocados pela Fenprof. “Os problemas não podem continuar a avolumar-se da maneira como estão, sem qualquer solução.”
Com cartazes e muitas palavras de ordem, professores da Escola Secundária Quinta das Palmeiras, na Covilhã, distrito de Castelo Branco, pediram esta segunda-feira ao Governo que "pare, escute, e resolva" os problemas da classe.
“O Governo que ‘pare, escute e resolva’. Porque os problemas não podem continuar a avolumar-se da maneira como estão, sem qualquer solução. É isso que exigimos: respeito e resolução de problemas, porque senão a luta não vai parar”, afirmou à agência Lusa, Dulce Pinheiro, dirigente sindical da Fenprof, uma das oito organizações sindicais que agendaram a greve “distrital”, que vai passar por todos os distritos do país.
Esta segunda-feira o protesto decorre no distrito de Castelo Branco, com os professores a concentrarem-se à porta das escolas às primeiras horas do dia.
Voltaram a exigir “respeito” e repetiram vezes sem conta a frase “não paramos”, para que o recado chegue até ao ministro da Educação e ao primeiro-ministro, tal como disse à agência Lusa Nuno Rodrigues, professor de Educação Física, que esteve na concentração da Escola Secundária Quinta das Palmeiras.
Com 23 anos dedicados à docência, este professor tem “a sorte” de já não andar com a “casa às costas”, mas não escondeu a indignação pelo tempo de serviço que teve congelado e que dita que esteja dois escalões abaixo do que devia estar.
“Isso significa que nunca chegarei ao final da carreira”, resumiu.
"Dizem-nos que para os professores não há. Não pode ser"
João Rodrigues tem ouvido as explicações governamentais de que “não há dinheiro”, mas rejeita tal argumento, sublinhando que para outras coisas se encontram sempre “milhões”.
“Vemos a TAP e a banca a levarem milhões e milhões e depois dizem-nos que para os professores não há. Não pode ser”, afirmou.
Ao lado, Liliana Dias, professora de Físico-Química, também não esconde a tristeza com toda a situação.
Professora há 19 anos, é um dos retratos da “precariedade”. Ainda que sem horário completo, este ano conseguiu ficar colocada na Covilhã, cidade onde vive, mas o ano passado dividia-se por três escolas de diferentes concelhos da região para conseguir ter mais horas de serviço. Andava entre Alcains, Idanha-a-Nova e Vila de Rei e fazia mil quilómetros semanais.
À quarta-feira, dia em que ia a Idanha-a-Nova, a Vila de Rei e regressava à Covilhã tinha de percorrer 330 quilómetros. Quando os combustíveis começaram a aumentar, chegou a gastar 600 euros mensais.
Por tudo isto, na hora de avaliar as políticas públicas na Educação dá um “redondo zero” ao Governo.
Nota negativa que se repete na avaliação de Verónica Cruz, professora de Espanhol, que também aderiu à greve e que exige melhores condições de trabalho, bem como mais valorização para os professores.
“Amo os meus alunos e amo aquilo que faço e gostaria muito de ter mais tempo para dedicar àquilo que realmente importa, que são os meus alunos. O nosso trabalho não está a ser valorizado e não é bem remunerado”, frisou esta professora que está na docência há 22 anos e que ainda só está no 3.º escalão.
Esta greve dos professores foi convocada por oito organizações sindicais: Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL), Federação Nacional dos Professores (FENPROF), Pró-Ordem dos Professores - Associação Sindical/Federação Portuguesa dos Professores, Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (SEPLEU), Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação (SINAPE), Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP), Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU).