Rangel desafia Costa a tirar consequências dos sucessivos escândalos no Governo

João Gomes Cravinho e Fernando Medina na mira do PSD. Paulo Rangel pede “esclarecimento cabal e imediato” sobre derrapagem nas contas dos Hospital Militar de Belém.

Foto
Paulo Rangel em conferência de imprensa LUSA/MIGUEL A. LOPES

O vice-presidente do PSD Paulo Rangel declarou neste sábado que o “Governo está em decomposição” e que o primeiro-ministro tem de tirar consequências dos sucessivos escândalos que têm assolado o executivo, desafiando António Costa a assumir as suas responsabilidades.

Focando-se no ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e no ministro das Finanças, Fernando Medina, que estão debaixo de fogo e “politicamente fragilizados”, o vice-presidente social-democrata entende que o primeiro-ministro não pode continuar calado perante o que está a acontecer.

“O PSD considera altamente preocupantes as revelações feitas ontem [sexta-feira] pelo jornal Expresso, a propósito do escândalo da derrapagem das contas das obras do Hospital Militar de Belém. Obras para que se estimava um custo de 750 mil euros e, como se sabe, triplicaram de valor, alcançando os três milhões e 200 mil euros”, declarou o eurodeputado, afirmando que estas revelações “põem em causa as afirmações que o ex-ministro da Defesa Nacional João Gomes Cravinho fez na Assembleia da Republica”.

Em conferência de imprensa na sede da distrital do PSD-Porto, Paulo Rangel pediu "um esclarecimento imediato e cabal do ministro dos Negócios Estrangeiros e ex-ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, e do primeiro-ministro".

"Senhor primeiro-ministro, senhor ministro dos Negócios Estrangeiros: o respeito devido às nossas Forças Armadas, ao seu prestígio e reputação, exige um esclarecimento imediato. Porque ocultou o ministro o conhecimento do ofício 486? Porque o ignorou? O que o levou a pactuar com a derrapagem das obras do Hospital Militar? O que o levou a dar nova vida ao protagonista deste escândalo, quando ele já era conhecido?"

O ofício 486 foi enviado pelo director-geral dos Recursos da Defesa Nacional e informava o então ministro da Defesa Nacional de que havia adicionais e de que o valor previsto tinha derrapado. “Diante deste ofício que fez o ministro? Nada, rigorosamente nada”, criticou o eurodeputado, acusando Cravinho de se conformar com a “derrapagem escandalosa”.

Sem nunca pedir a demissão do ministro João Gomes Cravinho, Rangel declarou que cabe ao primeiro-ministro, António Costa, "fazer esse juízo" e "assumir as responsabilidades". E reforçou: tem de ser o Governo a assumir que fracassou.

Perante o silêncio do primeiro-ministro, o dirigente nacional do PSD acusou o "Governo de estar ocupado a gerir a sua credibilidade, a assegurar a sua sobrevivência, a, perdoe-se o excesso de linguagem, lamber as suas próprias feridas. Diante da decomposição progressiva do Governo e da sua autoridade, ninguém, vê, ninguém sabe do primeiro-ministro. Aparece vagamente na Suécia, a assistir a um jogo de andebol, enquanto o seu Governo se decompõe, desmorona e descredibiliza todos os dias".

Para o fim, ficaram os reparos às “políticas erradas do PS e do seu líder, António Costa”. "O PSD não se conforma com este estado de apodrecimento progressivo do Governo e das instituições à frente das quais está o Governo. Nunca como hoje fez sentido aquela frase de Hamlet: 'Há algo de podre no reino da Dinamarca', e o primeiro-ministro tem de responder por isso."

Rangel não poupou o ex-ministro das Infra-Estruturas e da Habitação Pedro Nunes Santos, que nesta sexta-feira reconheceu que sabia e aprovou a indemnização na TAP a Alexandra Reis, que “descobriu milagrosamente através de uma mensagem”.

"Pasme-se, tinha-se esquecido de que sabia e de que autorizou, como se uma decisão desse tipo não tivesse de ser conversada com o seu secretário de Estado e chefe de gabinete, que também sabiam. Nada foi conversado, discutido, tudo se evaporou numa mensagem de WhatsApp entretanto redescoberta e ressuscitada", atirou.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários